Candidaturas de Dirceu Dalben e Edson Moura podem judicializar eleições
Com os candidatos fichas sujas Dirceu Dalben e Edson Moura na disputa pela prefeitura de Paulínia, a instabilidade política pode voltar na cidade após cinco anos. Paulínia viveu uma crise política de 2013 a 2019, período no qual teve 13 troca de prefeitos.
Ainda inelegível, Edson Moura pode repetir a estratégia das eleições de 2012. Na época, ele renunciou à candidatura um dia antes da eleição, colocando em seu lugar, seu filho, Edson Moura Júnior.
A possível fraude nas Eleições de 2024 já foi alertada pelo Ministério Público Eleitoral, em ação que corre na Justiça. “No atual momento, lança-se como candidato (ciente da inelegibilidade), inicia campanha e tem desde logo sua mulher DAIANE CRISTINA DA SILVA como possível candidata a vice-prefeita (e que, tendo sido candidata majoritária em outros pleitos, possível e futuramente o substituirá), antecipando similar modo de atuação antes já reconhecido como fraudulento”.
No caso de Dirceu Dalben, que também está inelegível, o registro de candidatura pode ser barrado até o dia 16 de setembro. Se isso não ocorrer, em caso de uma eleição, ele não poderá assumir o cargo. Com isso, o 2º candidato seria empossado, o que iniciaria um novo embate jurídico.
Nos dois cenários, Paulínia voltaria a entrar em uma crise politica, com prejuízos a administração e a população. A cidade vive um período de tranquilidade desde a eleição do prefeito Du Cazellato, em 2019, em eleições suplementares. Antes disso, a cidade estava com uma administração interina, após a cassação de Dixon Carvalho (PP) e Sandro Caprino (PRB) por abuso de poder econômico em 2016. Desde 2009, Paulínia não tinha um prefeito que completasse os quatro anos no cargo.
13 trocas de prefeitos em 7 anos
Linha do tempo na Prefeitura de Paulínia desde 2013
José Pavan Júnior (PSB) 1º de janeiro de 2013 – 15 de julho de 2013
Edson Moura Júnior (MDB) 16 de julho de 2013 – 11 de abril de 2014
Marquinhos Fiorella (PP) 11 de abril de 2014 – 15 de abril de 2014
Edson Moura Júnior (MDB) 15 de abril de 2014 – 30 de novembro de 2014
Marquinhos Fiorella (PP) 1º de dezembro de 2014 – 1º de dezembro de 2014
Edson Moura Júnior (MDB) 1º de dezembro de 2014 – 4 de dezembro de 2014
Marquinhos Fiorella (PP) 4 de dezembro de 2014 – 10 de dezembro de 2014
Edson Moura Júnior (MDB) 11 de dezembro de 2014 – 3 de fevereiro de 2015
Sandro Caprino (PRB) 4 de fevereiro de 2015 – 6 de fevereiro de 2015
José Pavan Júnior (PSDB) 6 de fevereiro de 2015 – 31 de dezembro de 2016
Dixon Carvalho (PP) 1º de janeiro de 2017 – 7 de novembro de 2018
Du Cazellato (PSDB) 7 de novembro de 2018 – 23 de janeiro de 2019
Loira (DC) 23 de janeiro de 2019 – 4 de outubro de 2019
CRISE POLÍTICA
Durante o período de instabilidade política, Paulínia teve 13 trocas de prefeitos e sete nomes diferentes. A crise começou ainda durante o pleito eleitoral de 2012. O ex-prefeito Edson Moura (MDB) lançou a candidatura ao cargo máximo do Executivo da cidade, mas foi barrado pela lei da ficha limpa por suspeita de compra de votos e renunciou à chance de concorrer um dia antes da eleição. O substituto do emedebista foi o filho, Edson Moura Júnior. Como não havia tempo hábil para mudança na urna, a foto que apareceu foi a do pai, que estava inelegível.
Edson Moura Junior
Edson Moura Junior então foi eleito no dia 7 de outubro de 2012, com 20.385 votos, que representavam 41,01% dos válidos em Paulínia. No entanto, o Ministério Público Eleitoral (MPE) considerou a manobra na véspera da eleição ilegal, além de ter o objetivo de “enganar o eleitor” e transferir os votos de pai para filho.
Jose Pavan Junior
Por conta da recomendação da Promotoria, o juiz eleitoral da cidade impugnou o registro do prefeito eleito e declarou José Pavan Junior (PSB), o segundo candidato mais votado com 34,99% dos votos, o novo chefe do Executivo.
Pavan tomou posse no dia 1º de janeiro de 2013, mas ficou apenas seis meses no cargo. Após recurso, o Tribunal Superior Eleitoral deu ganho de causa a Moura Júnior, que assumiu a Prefeitura no dia 16 de julho de 2013. A partir daí, iniciou-se uma briga judicial para que o novo prefeito continuasse no cargo.
Marquinhos Fiorella
A primeira saída de Moura Júnior aconteceu no dia 11 de abril de 2014, quando o então presidente da Câmara, Marquinhos Fiorella (PP), assumiu pela primeira vez. Contudo, quatro dias depois, o filho de Edson Moura voltou ao cargo por meio de uma liminar. Depois disso, Moura Júnior saiu e deixou a Prefeitura outras quatro vezes, sendo cassado em definitivo no dia 3 de fevereiro de 2015.
Sandro Caprino
Após a “era Moura Júnior” na Prefeitura de Paulínia, Sandro Caprino, atualmente vice-prefeito cassado e à época presidente do Legislativo, assumiu por dois dias até que Pavan Júnior fosse chamado novamente para assumir, em 6 de fevereiro de 2015. Ele ficou no cargo até dezembro de 2016.
Dixon Carvalho
Dixon Carvalho foi eleito em 2016 com 34,37% dos válidos. Ele assumiu no dia 1º de janeiro de 2017.
No dia 7 de novembro de 2018, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou o mandato de Dixon Carvalho (PP), e do vice, Sandro Caprino (PRB), determinando a saída imediata da Prefeitura, promovendo mais uma troca de chefe do Executivo na cidade.
Du Cazellato
Na ocasião, o presidente da Câmara de Vereadores, Du Cazellato, foi empossado como o novo responsável pelo governo municipal.
Loira
No entanto, a nova eleição da mesa-diretora da Câmara de Vereadores de Paulínia causou um novo impasse na cidade. Eleito para o comando da Casa em dezembro do ano anterior, o vereador Loira (DC) entendeu que ele deveria ser o prefeito. Depois de assinar o termo de posse no dia 4 de janeiro, ele tentou assumir o gabinete, mas Du Cazellato não saiu.
A partir disso, iniciou-se uma briga judicial pela cadeira. A Justiça comum e a Justiça Eleitoral proferiram duas decisões favoráveis a Du Cazellato e mantiveram ele na Prefeitura. A decisão se manteve até o dia 22 de janeiro, quando o Tribunal Regional Eleitoral deferiu a liminar da defesa de Loira. O vereador assumiu o gabinete no dia 23 de janeiro e ficou até outubro de 2019. Foi a 12ª troca e o sétimo nome diferente na chefia do Executivo de Paulínia desde 2013.
Fim da instabilidade política
Du Cazellato
Em setembro de 2019, Du Cazellato foi eleito prefeito de Paulínia em eleição suplementar. Em 2020, foi reeleito e permanece no cargo.