
Sami Goldstein
Não tem como tratar sobre outro assunto que não o evento do último domingo que marcou de fato o início da corrida eleitoral. Já consagrado na história das eleições, o evento é a grande oportunidade de o eleitor ver os candidatos frente a frente confrontando ideias e projetos. Ou pelo menos, é isso que sempre esperamos. O evento tem um nome. Porém, permitam-me tecer alguns comentários antes de chamá-lo por ele.
De acordo com o dicionário Michaelis, debate significa exposição e troca de ideias em defesa ou contra um assunto, argumento, decisão, projeto de lei etc., geralmente para se chegar a uma conclusão. Para o mesmo, embate é um acontecimento em oposição. Já o combate traz o extremo: a luta entre gente armada ou não.
Presenciamos um verdadeiro combate, com algum embate e zero debate. Na rinha de galos regada a briga de recreio, o que menos se viu foram projetos. Perguntas sem profundidade para respostas ainda mais rasas. O Brasil perdeu a chance de ter mais subsídios para sua escolha nas urnas. O “eu não vim pra explicar, vim para confundir” do saudoso Chacrinha foi a regra. O evento foi tudo, menos um debate. Quiçá tenha servido a um único propósito: deixar-nos com ainda mais saudades de Ricardo Boechat. “A política tem que ser entendida, para merecer este nome, como uma ação cuja abrangência alcance todos os cidadãos”, é o que ele dizia. Faltou debate, faltou Boechat. Que pena…