Início Região Déficit do transporte público chega a R$ 15,6 mi em três meses

Déficit do transporte público chega a R$ 15,6 mi em três meses

As operadoras do sistema, em Campinas, registraram déficit entre março e maio deste ano, devido a pandemia do Covid-19
As operadoras do sistema de transporte coletivo de Campinas registraram déficit de, pelo menos, R$ 15,6 milhões entre março e maio deste ano, sendo em torno de R$ 12,2 milhões para as empresas concessionárias e cerca de R$ 3,5 milhões do serviço alternativo. No período, houve redução nas frotas como consequência da queda no número de passageiros transportados em decorrência do isolamento social adotado como medida de enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Diretor de Comunicação do SetCamp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas, Paulo Barddal, informou que as concessionárias faturaram cerca de R$ 59,6 milhões nos últimos três meses. Contudo, as despesas, que contemplam combustível, manutenção dos ônibus, mão de obra, aluguel de garagens, entre outros custos fixos, ficaram em quase R$ 72 milhões.
Em atendimento a determinação da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, enfatizou que a oferta de veículos em circulação acaba sendo amplamente superior a quantidade de passageiros. O único gesto do Executivo até agora, criticou, foi adiantar a parcela do subsídio de dezembro, pagamento que ocorreu no começo de abril. Do repasse de R$ 5 milhões, perto de R$ 4 milhões foram destinados às empresas concessionárias e em torno de R$ 1 milhão as cooperativas do alternativo. A medida, opina, foi insuficiente para o contexto global do problema.
Segundo dados divulgados no site da Emdec, antes da pandemia, eram transportados, em média, 560 mil passageiros (passagens pela catraca) por dia útil e 14 milhões por mês. A quantidade oscilou bastante no período, sempre aquém da assinalada em condições normais. De acordo com Barddal, hoje, exceto os horários de pico, os ônibus rodam praticamente vazios ao longo do dia. “Ainda não efetuamos demissões, mas alguma coisa precisa ser feita porque não sabemos até quando vai essa situação”, finalizou.
Alternativo
O sistema alternativo do transporte público de Campinas faturou, em maio, em torno de R$ 3,5 milhões a menos do que o necessário para cobrir seus custos operacionais. A beira de um colapso, as três cooperativas que atendem a população informaram que podem parar e decidiram protestar exibindo no vidro dianteiro de sua frota o laço com fita preta, um dos símbolos do luto.
Segundo o presidente da Cooperatas, Walter Rocha de Oliveira, o Waltinho, que também é porta-voz da Altercamp e Cotalcamp, cada um dos 241 veículos que rodam em condições normais por dia na cidade, custa, em média, R$ 22 mil por mês. O montante arca com todas as despesas, entre elas, o salário de, no mínimo, 450 motoristas, autônomos ou permissionários. No mês passado, o número de ônibus circulando caiu para 103, ou seja, em torno de 43% da frota.
Com 103 veículos rodando, o custo operacional fica em torno de R$ 2,226 milhões. Segundo Waltinho, as receitas totalizaram cerca de R$ 1,886 milhão, sendo R$ 1 milhão do subsidio pago pela Prefeitura e aproximadamente R$ 886 mil oriundos de passageiros pagantes. Pessoas idosas, por exemplo, são isentas da passagem.
Lamentou que, o déficit de R$ 380 mil para a frota reduzida, registrado no mês passado, fez o rendimento dos motoristas cair, pelo menos, na metade. Os trabalhadores aptos a trabalhar estão se revezando e a receita está sendo repartida igualmente entre todos. Waltinho informou também que o subsídio de junho ainda não foi pago pela Prefeitura. Por fim, destacou que o símbolo do luto exposto nos ônibus também é um pesar pelas vítimas da doença na cidade.
Outro lado
A Emdec informou, em nota, que, mesmo em situação adversa, por conta da pandemia, tem se esforçado para assegurar o transporte público e um equilíbrio econômico-financeiro que permita a operação do sistema. O texto destaca ainda que, o cenário é avaliado, constantemente, e os ajustes necessários para adequar a oferta a demanda de passageiros são feitos, diariamente, em cada uma das mais de 200 linhas de ônibus. Mesmo com a situação financeira tão delicada, o subsídio de R$ 6 milhões – sendo R$ 1 milhão destinado ao PAI-Serviço – está sendo pago em dia. Completa que não ocorreu reajuste no valor da tarifa e que“causa estranheza a informação de ônibus a mais”, informa trecho do documento.

(Fonte: correio.rac.com.br)