É lamentável constatar que a dificuldade de acesso à educação de qualidade e a falta dos principais recursos para uma boa qualidade de vida têm consequências diretas no desempenho escolar das crianças. Essa realidade se torna evidente ao compararmos duas crianças: uma que desfruta de facilidade de aprendizado e acesso a uma educação de qualidade, enquanto a outra, embora também possua habilidades acadêmicas, enfrenta inúmeras dificuldades diárias para obter a mesma educação.
A primeira criança tem a sorte de contar com um ambiente familiar favorável, recursos financeiros e pais engajados no processo educacional. Ela tem acesso a escolas bem equipadas, professores qualificados e materiais didáticos atualizados. Além disso, sua rotina é estável e livre de preocupações com a falta de alimentação adequada, transporte ou moradia. Esses fatores combinados proporcionam a base para que essa criança floresça academicamente, explorando seu potencial ao máximo.
No entanto, a segunda criança, mesmo possuindo habilidades e talento semelhantes, enfrenta um cenário completamente distinto. Ao acordar, ela enfrenta obstáculos para obter uma refeição nutritiva e precisa caminhar longas distâncias até a escola, muitas vezes enfrentando insegurança no trajeto. Chegando à instituição, depara-se com turmas superlotadas, falta de materiais básicos e professores sobrecarregados, incapazes de atender plenamente às necessidades individuais dos alunos.
Essa criança, com muita dedicação e esforço extra, consegue acompanhar o conteúdo em sala de aula, mas enfrenta constantes interrupções em seu aprendizado. A fadiga causada pela jornada desgastante, somada à falta de estímulo adequado e suporte educacional, compromete sua capacidade de concentração e absorção de conhecimento. Mesmo com um potencial promissor, essa criança é privada de um ambiente propício para desenvolver todo o seu talento.
É inaceitável que crianças com habilidades semelhantes sejam impedidas de alcançar seu pleno potencial educacional devido à desigualdade de oportunidades. Acesso à educação de qualidade e recursos básicos não deve ser um privilégio, mas um direito de cada criança. É papel do Estado e da sociedade como um todo combater essa disparidade, investindo em políticas públicas que garantam uma infraestrutura adequada nas escolas, valorizem os professores e ofereçam suporte social para as famílias em situação de vulnerabilidade.
Precisamos assegurar que todas as crianças tenham a oportunidade de desenvolver suas habilidades e alcançar um bom desempenho escolar. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e igual na qual o talento e a determinação sejam os principais determinantes do sucesso, e não as circunstâncias socioeconômicas. Investir em educação é investir em um futuro melhor para todos.
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André Luís de Oliveira
Pai da Giulia, Coordenador do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no Paulínia Racing e conselheiro afastado do CMDCA
@profandreoliveira