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Dia das Crianças no Brasil: Entre Tradição e Consumismo

Passado o Dia das Crianças podemos fazer uma reflexão sobre o que é esse dia e o que ele representa para a nossa sociedade atual.

A origem da comemoração do Dia das Crianças no Brasil remonta à década de 1920. Em 12 de outubro de 1924 o então presidente Arthur Bernardes sancionou decreto instituindo a data. Um ano antes, nesse mesmo dia, o Rio de Janeiro havia sediado o Congresso Sul-americano da Criança, inspiração para a data. Este evento reuniu políticos e estudiosos de vários países para discutir questões cruciais relacionadas à infância. Tópicos como educação, saúde, alimentação e segurança das crianças estavam no centro das atenções. A instituição do Dia das Crianças foi concebida com um propósito central: destacar a relevância do cuidado no desenvolvimento infantil e a necessidade de garantir um ambiente propício para o crescimento saudável das crianças.

Apesar de ser oficializado em 1924, o Dia das Crianças demorou para se popularizar no Brasil. A fama só aconteceu em 1955, quando as marcas Estrela e Johnson & Johnson aproveitaram a data para lançar a campanha publicitária “Semana do Bebê Robusto”, estimulando pais a mandarem fotos dos filhos pequenos, de 6 meses a 2 anos, para eleger o bebê Johnson do ano e promovendo a venda de uma linha de bonecas com o mesmo nome. Um sucesso de vendas e marketing.

Com o tempo, a “Semana do Bebê Robusto”, transformou-se em a “Semana da Criança” e logo as empresas recuperaram o decreto de 1924 para fomentar a data como o dia para presentear as crianças enxergando a data como uma oportunidade para a aquisição de brinquedos e demais acessórios infantis.

Hoje em dia a data é exclusivamente comercial. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em volume de vendas, o Dia das Crianças é considerado o terceiro evento mais relevante no calendário do varejo nacional ficando atras apenas do Natal e do Dia das Mães.

Difícil lutar contra todo um sistema de mercado e comportamento tão enraizados em nós brasileiros, mas, importante fazermos uma reflexão sobre usarmos a época do ano para trazer debates que ajudem realmente no desenvolvimento infantil.

Necessário também revermos nossos comportamentos em relação a data. Será realmente importante a compra dos melhores brinquedos, roupas e produtos para as crianças e adolescentes nessa época? O que estamos tentando compensar com tantos gastos?

Como esse texto toca você?

André Luís de Oliveira

Pai da Giulia, Coordenador do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no Paulínia Racing e conselheiro afastado do CMDCA

@profandreoliveira