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Efeito pandemia: empresas de transporte coletivo urbano somam 61 mil demissões e prejuízo de R$ 9,5 bilhões em 2020

NTU alerta que se não houver apoio do governo federal com alguma medida de socorro específica para o setor, mais operadoras do serviço poderão falir ou encerrar suas atividades
Chegou a conta para o setor de transporte coletivo urbano de passageiros por ônibus decorrente dos impactos produzidos pela pandemia da Covid-19 em 2020.
As medidas de isolamento social para conter a propagação da doença, que persistem em todo o país, resultaram em R$ 9,5 bilhões de prejuízos acumulados pelas empresas de ônibus urbano no período de 16 de março a 31 de dezembro de 2020.
Os dados estão no levantamento “Impactos da Covid-19 no Transporte Público por Ônibus” da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
Com dados de todo o país, o estudo consolida informações de uma amostra que abrange 116 sistemas de transporte operados por empresas associadas em capitais, regiões metropolitanas, cidades grandes, médias e de pequeno porte.
Motivo principal dos prejuízos das empresas, a redução da demanda de passageiros foi superior aos ajustes feitos na oferta do serviço pelos órgãos gestores locais. Para garantir o isolamento social e o atendimento à população, os ônibus continuaram circulando, e ficou claro o desequilíbrio entre a redução da oferta e a demanda no número de pagantes.
O Boletim da NTU aponta que a quantidade de viagens realizadas por passageiros chegou a cair 80% nas primeiras semanas da crise. A recuperação se deu lentamente, mas não alcançou os níveis anteriores. Para se ter ideia, em dezembro de 2020 a redução média verificada alcançou 39,1%.
Se quando a pandemia começou a NTU projetou que o ano terminaria com uma demanda de 80% da existente antes da Covid-19 e com 100% da frota em operação, isso não foi o que ocorreu. O ano de 2020 terminou com 61% da demanda usual e 80% da frota em circulação.
Para o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, o prejuízo do setor, após dez meses de impacto da pandemia, resulta da drástica redução de demanda e, por conseguinte, da redução da receita tarifária, muito maior que a redução da oferta. Para ele, “os prejuízos continuarão enquanto a tarifa paga pelo passageiro for a única fonte de financiamento do serviço na maior parte das cidades”.
No caso da mão de obra das empresas do setor, que representa, em média, 50% do custo total das operadoras, dados do Painel do Emprego da Confederação Nacional do Transporte (CNT) indicam que o Transporte Rodoviário de Passageiros Urbano perdeu em todo o país 61.436 postos de trabalho. Foram 39.513 admissões e 100.949 desligamentos de janeiro a novembro do ano passado.
Um fator que contribuiu para diminuir as demissões no setor foi a Lei Federal nº 14.020/2020, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que possibilitou as reduções das jornadas e salários ou suspensões dos contratos trabalhistas.
Otávio Cunha afirma que as empresas têm feito o máximo esforço para manter seus colaboradores. Mas agora, sem o Programa Emergencial, encerrado em dezembro passado, e sem recuperação da demanda, novos ajustes provavelmente terão que ser feitos pelas empresas.
A situação motivou a NTU a enviar ofício ao secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco Leal, na quinta-feira, 21 de janeiro de 2021, no qual solicita a renovação do Programa Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda.
Otávio Cunha alerta que, se as medidas de flexibilização de jornada e salários ou suspensão de contratos não forem restabelecidas, as empresas voltarão a ter um impacto significativo. Ele afirma que se não houver apoio do governo federal com alguma medida de socorro específica para o setor, mais operadoras do serviço poderão falir ou encerrar suas atividades.
O levantamento da NTU aponta que 15 empresas operadoras e três consórcios operacionais suspenderam ou encerraram a prestação de serviços desde o mês de março.
Otávio afirma que a partir deste mês de janeiro já se verifica um aumento significativo de greves e paralisações dos serviços em todo o Brasil.
Cinquenta e cinco sistemas de transporte registraram paralisações dos serviços decorrentes de 122 greves e manifestações, motivadas principalmente por atrasos de salários e demissões provocados pela crise do setor.
Uma esperança do setor para reduzir a crise, a ajuda emergencial de R$ 4 bilhões para estados e municípios aprovada pelo Congresso em novembro, foi vetada no final do ano pelo presidente Jair Bolsonaro.
(Fonte: diariodotransporte.com.br)