Em vídeo que circulou na internet durante as eleições de 2008, o pré-candidato a prefeito insinua que os resultados de pesquisas eleitorais são facilmente manipulados. Nesta semana, o jornal Bom Dia Paulínia divulgou um estudo apontando o próprio candidato à frente das intenções de voto
Nesta semana, a população de Paulínia teve acesso ao resultado da primeira pesquisa que apurou as intenções de voto para alguns pré-candidatos a prefeito do município, excluindo o nome do atual prefeito, José Pavan Junior, para a corrida eleitoral de 2016. A pesquisa, realizada pela F. L. S. – Pesquisa, Assessoria e Marketing à pedido da Rede Bom Dia de Jornais do Diário de S.Paulo, está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 07267/2016.
O levantamento aponta Dixon Carvalho (PP) na liderança, com 22,7% dos votos, mas com empate técnico com o segundo colocado, Adilson Palito (SD), que obteve 21,2% da preferência. Outros candidatos, como Tuta Bosco (PPS), Sandro Caprino (PRB), Ângela Duarte (PRTB) e Yamada (PSol) também foram citados.
As informações foram divulgadas pelo jornal Bom Dia Paulínia, um veículo de comunicação que abriu as portas há pouco mais de 30 dias em Paulínia.
O resultado que favorece Carvalho levantou dúvidas entre os eleitores. Muitas pessoas relembraram as declarações feitas por Dixon em um vídeo gravado durante as eleições de 2008, quando ele também pleiteava a cadeira do Executivo, mas na época, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em um trecho da gravação, o ex-petista insinua que pesquisas eleitorais podem ser manipuladas. “A pesquisa que o Carlão fez, deu nós um pouco abaixo. Lógico, porque ele fez de segunda, terça e quarta, quem é os vagabundos que ficam na cidade?”, disse se referindo à uma pesquisa realizada anteriormente e que apontava José Pavan Junior como o preferido dos eleitores.
Dando continuidade ao assunto, Dixon revela que o resultado poderia ser diferente. “Manda ele fazer 1,5 mil entrevistas e fala que nós vamos fazer uma de 500, certo? Nós separamos as nossas. Pegamos e registramos. Pronto, acabou. Põe lá: Dixon com 65% e Pavan 15%. Pronto, acabou. E está registrada bonitinha”- disse na época.
Agora, com a divulgação dos resultados das intenções de voto para as eleições de 2016, a população está em dúvida sobre a veracidade dos dados. “Assisti o vídeo na época e agora, com todo mundo comentando, fica mesmo difícil de acreditar que essa pesquisa seja verdadeira já que beneficia ele mesmo”, disse a eleitora que preferiu se identificar apenas como A.C.F.
Confira trechos do vídeo que circulou na internet em 2008 no link
Credibilidade
Mais do que números exatos, as pesquisas eleitorais norteiam os profissionais das campanhas dos candidatos, que analisam as tendências para ver se está crescendo ou caindo, para orientar e corrigir rumos da campanha.
De acordo com a escritora e especialista política Helena Sthephanowitz, as pesquisas publicadas na mídia podem sim, eventualmente, ser usadas como ferramenta de manipulação. “Muitos financiadores de campanha fazem doações de acordo com a chance do candidato vencer. As pesquisas também podem animar ou desanimar militantes. Podem induzir pessoas a fazerem o voto útil. E há quem tente mexer em pesquisas acreditando que elas influenciam alguns eleitores a votar em quem está na frente”.