Início Colunas Etarismo, “Otarismo”, Altruísmo por Sami Goldstein

Etarismo, “Otarismo”, Altruísmo por Sami Goldstein

Nos últimos dias, dois vídeos viralizaram nas redes sociais. Infelizmente, por motivos distintos. No primeiro, cenas comoventes. Um senhor de 78 anos se formou na universidade e correu para a casa da mãe, senhora de 98, ainda usando a beca da formatura para contar sobre a conquista. A idosa não pôde ir à festa por causa de sua idade avançada. Na narração, é possível ouvir “esse é o meu avô, de 78 anos, indo até a casa da sua mãe de 98 anos para contar que se formou na universidade”. Já no segundo, cenas deprimentes que só merecem menção para que não se repitam. A publicação de três estudantes de uma universidade debochando de uma colega de 40 anos gerou verdadeira revolta nas redes sociais. No vídeo, uma das estudantes ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo na sequência, outra jovem responde: “Mano, ela tem 40 anos. Já era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira. Lamentável, para dizer o mínimo.  Dois episódios tão distintos e que remetem à questão da idade. Precisamos falar sobre o etarismo.

O etarismo, também conhecido como idadismo, é a discriminação baseada na idade. Infelizmente, isso é algo que muitas pessoas experimentam, principalmente os idosos. O etarismo, por sua vez, pode afetar negativamente as oportunidades de qualificação profissional para as pessoas mais velhas. Não é difícil encontrar empresas e empregadores com preconceitos contra os trabalhadores mais velhos, acreditando que não sejam tão capazes quanto os mais jovens. O resultado? Menos oportunidades de treinamento e desenvolvimento para eles, o que pode prejudicar sua capacidade de se manterem atualizados com as últimas tecnologias e habilidades.

O etarismo é um verdadeiro exercício de “otarismo”. Discriminações de qualquer natureza por si sós são abomináveis. Porém, contra o avanço da idade, processo pelo qual todos passaremos, ultrapassa os limites de ser otário. Lembro minhas noites na faculdade programando computadores ao lado de colegas mais velhos com verdadeira admiração. Nós mais jovens procurávamos absorver tudo que eles tinham de experiência. E isso não pode se perder! Combater o etarismo requer um esforço coletivo. É preciso transformar o etarismo em altruísmo, doando-se ao outro e, sobretudo, o mais difícil: colocando-se no lugar do outro. É importante educar as pessoas sobre o impacto negativo do etarismo, mudar atitudes, criar políticas, promover a diversidade e engajar-se socialmente para garantir que as pessoas mais velhas sejam valorizadas e respeitadas. Afinal, jovens, nós mais velhos temos uma dura realidade para lhes informar: quando menos esperarem, deixarão de ser pelo menos fisicamente tão jovens. O discriminador de hoje poderá ser o alvo de amanhã. Por mais cenas de seniores estudando, trabalhando e vivendo a plenitude de suas vidas. Foco, galera. Foco!

Sami Goldstein – Empregado público federal e secretário de desenvolvimento econômico de Paulínia

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