Eles ficaram apreensivos por causa de fortes barulhos e clarões fora da normalidade vindos da Replan; refinaria justificou que foi manutenção de rotina
Moradores de pelo menos três bairros que ficam nas proximidades da Refinaria de Paulínia (Replan) – localizada às margens da Rodovia Zeferino Vaz – passaram a noite de segunda-feira e madrugada de terça-feira (23 e 24) apreensivos por causa de fortes barulhos e clarões fora da normalidade vindos da refinaria, a maior do País. Segundo moradores, as chamas do sistema de tochas (espécies de chaminés que ficam com chamas intermitentes) atingiram mais que o dobro de altura do que normalmente é observado.
A produção da Replan corresponde a 20% de todo o refino de petróleo no Brasil. A Petrobras esclareceu, por meio de nota, que houve liberação de gases para o sistema de tochas (dispositivo de segurança da refinaria), em função de manutenção planejada em equipamento da unidade, iniciada às 13h de segunda-feira.
Barulho
Ainda na manhã desta terça-feira, um segurança que trabalha na portaria da refinaria confirmou que as chamas estavam acima da normalidade. O barulho ainda pela manhã era muito forte devido à pressão das chamas, que se assemelha a uma turbina de um Boeing.
Foi esse barulho que o comprador Clodoaldo Santana Barbosa, de 42 anos, morador do bairro São José 1 escutou durante boa parte da noite de segunda-feira e início da madrugada. “Em 20 anos morando aqui nunca tinha ouvido barulho semelhante, e também visto chamas tão altas saindo do flare (uma espécie de maçarico instalado no topo da tocha de segurança utilizado nas indústrias petroquímicas, refinarias e plataformas de produção de petróleo)”, relatou Barbosa, que já trabalhou na refinaria em um escritório próximo à uma das torres.
Da sacaca de seu quarto o comprador enxerga ao longe a chama das torres. “Quem está próximo sempre pensa no pior”, encerrou Barbosa. Já a técnica em enfermagem Lilian Cristiane Alves, de 37 anos, que mora nas proximidades da Avenida João Vieira, a pelo menos 4 quilômetros de distância da refinaria, relatou que o clarão foi tão intenso que podia ser confundido com um incêndio.
“Escutei também um estrondo muito forte. Peguei o carro e fui até próximo o condomínio residencial Campos do Conde. Percebei que o clarão vinha lá de traz e me informaram que era da refinaria”, relatou. O Corpo de Bombeiros de Paulínia informou que não recebeu nenhum chamado para combate de incêndio na noite de segunda-feira e madrugada desta terça.
O estudante Bruno Oliveira, de 26 anos, conta que chegava em casa na segunda-feira por volta das 23h e quando entrou no imóvel ouviu dois barulhos muito fortes, “que fazia até pressão nos ouvidos”. “Nunca escutei um barulho tão forte vindo da refinaria”, relatou.
O comentário nas ruas do Jardim Leonor e São Domingos também relatavam o ocorrido na madrugada. “Parecia uma turbina dentro do meu quarto. Fiquei apavorada a madrugada inteira”, disse a dona de casa Olívia Ramos da Silva, de 48 anos, moradora do Leonor.
Explicação
A Petrobras esclareceu no final da tarde de terça-feira que não houve ocorrência operacional na Refinaria de Paulínia (Replan). Explicou que a liberação de gases para o sistema de tochas por causa de manutenção em equipamento da unidade já havia sido concluída.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da refinaria, todas as medições de ruído ficaram dentro dos parâmetros legais estabelecidos. “A refinaria segue operando de acordo com os princípios de segurança, meio Ambiente e saúde que norteiam as ações da companhia”, finalizou. (RAC)