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Faça as contas Por Sami Goldstein

Sami Goldstein – Empregado público federal e secretário de desenvolvimento econômico de Paulínia

Já parou para pensar quanto custa criar um filho até os 18 anos? O Estadão desta semana fez as contas. Um estudo feito pelo Insper a pedido do jornal, conduzido por Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de economia do instituto, revela cifras astronômicas. Para as famílias que integram a classe C – aquelas com renda familiar mensal de R$ 5.281 até R$ 13,2 mil -, o gasto estimado varia entre R$ 480 mil e R$ 1,2 milhão. Na classe B (entre R$ 13.201 e R$ 26,4 mil de renda mensal), o gasto vai de R$ 1,2 milhão até R$ 2,4 milhões. Já na classe A, parte de R$ 3,6 milhões e continua a subir em função da renda familiar. “O custo de vida aumentou. Como o trabalho se baseia nas classes de renda do IBGE, que define classe de renda de acordo com o número de salários mínimos, quando o salário mínimo sobe, o custo aumenta também”, afirma Juliana. O levantamento foi construído com base nos dados de classe de renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e aponta um gasto médio de 30% da renda das famílias com os filhos. A lista de custos considera, por exemplo, alimentação, roupas, lazer, educação, saúde e parte das despesas comuns como aluguel. Em resumo, de acordo com o relatório, a quantia varia de acordo com faixa de renda, mas chega na casa dos milhões mesmo em famílias de classe média.

Fazer as contas em um ambiente de incertezas certamente não é fácil. Mas é ainda mais difícil quando nos confrontamos com dilemas como “o que estamos fazendo para que todo esse investimento não se perca?” Sim, filhos não são custo e sim investimento. Aliás, o melhor e mais gratificante de todos. Nós pais investimos amor, tempo e dinheiro na esperança de que eles tenham uma vida melhor que a nossa. Que conquistem mais. Que nos superem. E para que esse investimento tenha resultado, todos os atores envolvidos precisam fazer sua parte. Famílias se estruturando, motivando e incentivando. Governos criando políticas cada vez mais inclusivas de qualificação profissional e empregabilidade. Iniciativa privada também entendendo seu papel social e gerando oportunidades. Em recente pesquisa da YouGov, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line, constatou-se que mais de 70% dos profissionais empregados na América Latina estão preocupados com o futuro de suas carreiras. De acordo com o levantamento, além da porcentagem de 72% de pessoas preocupadas com o futuro da carreira, que está acima da média mundial, de 49%, outro dado alarmante é que a América Latina já é a área com a maior porcentagem de desempregados. Portanto, faça as contas: a soma de todas as nossas forças precisa ser maior que tudo que nos divide. A união é a única solução!