
Nesta semana, uma matéria em especial chamou minha atenção. Intitulada “’Debandada’ de mão de obra após período crítico da pandemia preocupa setores e atrasa contratações em Campinas” e trazida pelo G1 Campinas e Região, em síntese, retrata a realidade da pandemia que fez muitos mergulharem no mundo do empreendedorismo. “A debandada acontece por conta da dificuldade de emprego provocada pelo coronavírus, que fez os profissionais de mão de obra mudarem de área, abrirem microempresas ou até voltarem para as cidades de origem”, afirma o site. Desses, vários se encontraram profissionalmente e mesmo com a retomada econômica, optaram por não voltar a seus antigos postos. Outros, por sua vez, mesmo com tantas ofertas gratuitas de qualificação profissional, perdem a chance de se qualificar e abrir portas. No meio, as vagas – muitas, é verdade – são abertas e não preenchidas.
No mês passado, a OIT (Organização Internacional do Trabalho), divulgou dados que só engrossam o coro. Segundo a entidade com sede em Genebra, a taxa brasileira também aponta que mais de 23% da população entre 15 e 24 anos nem trabalha nem estuda. É uma atualização do número de “nem-nem´s”, tema que abordamos logo no início do ano. Hoje, 34% dos brasileiros nesta idade estão desempregados ou não conseguem sequer ter condições de sair em busca de trabalho. No caso das mulheres brasileiras, a taxa chega a 40%.
A conta simplesmente não fecha. E a bola de neve do atraso econômico só agiganta. Há vagas e falta de mão de obra qualificada. Diversas são as iniciativas, públicas e privadas, todas gratuitas, para a capacitação dos brasileiros. O que falta então? Em uma sociedade essencialmente assistencialista e sempre à espera dos que os governos possam dar, não é de se espantar que falte a cultura da qualificação. É uma etapa anterior da empregabilidade. Precisamos fazer as pessoas quererem se qualificar. Um desafio homérico, é bem verdade. Mas é preciso lançar-se a esse desafio antes que seja tarde demais. Antes que o quadro seja irreversível.