Pesquisas fazem o comparativo entre os serviços da Corpus e da Filadélfia: grau de satisfação da população era bem maior nos três primeiros meses de 2017. Moradores de bairros mais afastados reclamam da instabilidade dos serviços prestados atualmente
“O serviço de limpeza já foi bom”. Foi assim que resumiu a moradora do Jardim Amélia, Elenita Santos Ribeiro, de 69 anos, sobre os serviços de coleta de lixo e limpeza urbana de Paulínia. Ela, que mora na cidade há 18 anos, disse que “é uma pena ver que o município está com aspecto de abandono, com lixo e entulho acumulando e mato alto em todos os cantos”.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto INDSAT comprova a insatisfação da dona Elenita e da maioria da população paulinense. Dados comparativos entre o primeiro e o segundo trimestre de 2017, revelam uma queda significativa no grau de satisfação da população.
A primeira pesquisa colheu a opinião dos moradores no primeiro trimestre deste ano, quando Paulínia contava com os serviços da Corpus Saneamento e Obras Ltda. O resultado foi divulgado pelo site da empresa (www.indsat.com.br) no dia 8 de maio.
Neste primeiro estudo, o item “Coleta de Lixo” obteve alto grau de satisfação, com índice de 728 pontos em 1.000 possíveis. O setor conquistou 75% de ótimo e bom, 15% de regular e 11% de ruim e péssimo. Foram entrevistadas 400 pessoas, distribuídas proporcionalmente pela área urbana, com quotas de sexo, idade e escolaridade.
A pesquisa mostrou que entrevistados com mais de 50 anos de idade e com nível superior de escolaridade eram os mais satisfeitos.
No segundo estudo, que avaliou os três meses seguintes, o serviço de coleta de lixo passou a ser de responsabilidade da Filadélfia Locação e Construção Eireli. A mudança fez com que o grau de satisfação pelo serviço despencasse para 498 pontos, se enquadrando na categoria “Baixo Grau de Satisfação”.
Os indicadores mostram que o segmento obteve 29% de ótimo e bom, 21% de regular e 50% de ruim e péssimo. Entre os 17 setores analisados, a coleta de lixo ocupa a 12ª posição no município. As mulheres e os entrevistados com mais de 50 anos são os mais insatisfeitos.
“Identificamos uma queda muito acentuada no indsat [índice de satisfação] do setor, que possuía 728 pontos no trimestre anterior e alto grau de satisfação no serviço prestado, diminuição incomum na pontuação. Orientamos os responsáveis uma análise urgente da situação para a retomada do bom cumprimento de um serviço tão importante para o funcionamento do município”, disseram os pesquisadores da empresa.
Metodologia utilizada
Os dois estudos entrevistaram 400 pessoas cada, distribuídas proporcionalmente pela área urbana, com quotas de sexo, idade e escolaridade. A margem de erro é de 4,8% para mais ou para menos.
A coleta de dados foi realizada em domicílio, de forma pessoal e direta com uso de palmtop. O intervalo de confiança é de 95%.
Critério de pontuação INDSAT: menor que 350 pontos = Baixíssimo Grau de Satisfação; entre 350 e 499 pontos = Baixo Grau de Satisfação; entre 500 e 649 pontos = Grau Médio de Satisfação; entre 650 e 799 pontos = Alto Grau de Satisfação e igual ou maior que 800 pontos = Grau de Excelência.
INDSAT
A INDSAT atua no mercado de pesquisas desde 2013 e tem como objetivo gerar conteúdos e informações sobre os principais Serviços e Agentes Públicos dos municípios, tendo como base Pesquisas de Opinião, realizadas com o alto rigor metodológico exigido pelo mercado.
Os resultados são publicados no site da empresa e podem ser vistos pelos assinantes a qualquer tempo, facilitando o acesso às informações coletadas.
Ao oferecer conteúdo nesse novo formato, mais simples, mais accessível e mais dinâmico, a empresa acredita estar dando um passo importante para que mais cidadãos possam ter acesso a algo que, antes, dado o alto custo das pesquisas, ficava restrito a poucos.
Para moradores, Filadélfia deixa a desejar
O pedreiro Jovelino Alves, 57 anos, também é um dos moradores insatisfeitos com a coleta de lixo. Morador do bairro Monte Alegre 2, onde existe coleta de lixo às terças, quintas e sábados, ele diz que o serviço é deficitário e deixa a desejar. Segundo ele, a rua fica toda suja mesmo após a coleta. Como a lixeira fica em frente a sua casa, ele mesmo varre a sujeira que os responsáveis deixam para trás com frequência. “Eu queria que um fiscal viesse ver o que acontece. As vezes eles saem correndo com o saco de lixo na mão e acaba rasgando e o lixo fica todo espalhado. Quando não, eles juntam todo o lixo da rua em um monte só e demoram pra passar pegando. Os cachorros fazem a maior sujeira”, reclama.
O mato alto e acúmulo de entulho também são alvos de reclamações. De acordo com moradores da região do Monte Alegre 1, principalmente das ruas próximas da Praça de Esportes Irmãos Vedovello, a situação é lamentável.
Quando a Filadélfia veio cortar o mato, eles cortaram só da quadra de grama porque as crianças do futebol e o pessoal do futebol americano treinam aqui, mas olha o entorno. Os alambrados estão tomados pelo mato, do outro lado da rua não existe calçada, só entulho”, disse uma moradora.
Um funcionário do local que preferiu não se identificar disse que há meses a situação está assim. De acordo com ele, vários pedidos de poda e roçagem já foram feitos, mas nunca há um retorno positivo.
Corte de serviços essenciais
Recentemente, o prefeito Dixon Carvalho (PP) postou em suas redes sociais um vídeo afirmando ter reduzido os custos com o lixo da cidade. Porém, o Jornal Tribuna apurou que na verdade, a redução de custo se deu por conta do corte de alguns serviços e a significativa redução de outros.
Enquanto a Corpus oferecia 100% dos serviços de varrição, coleta especial, desobstrução de galerias, poda e retirada de árvores, reposição de calçamento, irrigação, reflorestamento, poda de gramado e roçagem, paisagismo e raspagem capina e pintura, com a Filadélfia, o município deixou de contar com poda e retirada de árvores, reposição de calçamento, reflorestamento e paisagismo.
O comparativo também aponta que o índice de varrição foi reduzido em 44%. Poda de gramado e roçagem foi reduzido em 75%, além de possuir 42% a menos de funcionários comparada à Corpus: 508 (já incluindo os 113 que estão no Hospital). A Corpus possuía 882.