Início Colunas Índice Filó (da falta do que fazer) por Sami Goldstein

Índice Filó (da falta do que fazer) por Sami Goldstein

Leva Filó, devolve Filó. Bem ao estilo Karate Kid, assistimos nos últimos dias o clássico “bota casaco, tira casaco”. Mas diferentemente do filme em que um jovem tenta a superação através das artes marciais, a protagonista da vez foi uma simpática capivara. O animal morava com o influenciador Agenor Tupinambá, que fazia sucesso com publicações nas redes sociais quando foi resgatado pelo Ibama sob suspeita de maus-tratos. No último domingo (30), o influenciador recebeu a tutela provisória da capivara. Agora, Filó continua com o tiktoker, que está proibido pela Justiça de fazer publicações com animais silvestres. Não vou adentrar no mérito de quem tem a razão.  O tutor deve ter sinceros sentimentos pelo animal, assim como os agentes do IBAMA devem ter protocolos a seguir diante de denúncias. No mais, o único comentário que me cabe nestas linhas é: como conseguimos perder tanto tempo discutindo inutilidades? A impressão, nas redes sociais, é que o mundo desabou em função do ocorrido. E enquanto isso, o mundo realmente desabava, mas em outro sentido.

Neste mesmo domingo (30), o Estado de São Paulo trouxe uma estarrecedora informação. Segundo o jornal, o fraco desempenho da economia brasileira nos últimos anos levou a uma perda de relevância do País no cenário mundial. Ao fim deste ano, a participação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil na economia global deve corresponder a 2,3%, a mais baixa desde 1980, quando teve início a série histórica elaborada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A perda de participação do PIB brasileiro vem ocorrendo seguidamente – na década de 1980, o Brasil chegou a responder por 4% da economia do mundo – e deve se manter em queda pelos próximos anos. O que ajuda a explicar a perda de relevância do Brasil é o baixo crescimento registrado ao longo de quase 40 anos. O desempenho do PIB brasileiro tem sido inferior ao de outras economias, sobretudo quando se faz a comparação com países emergentes. “O Brasil tem um problema sério de crescimento econômico. Perdeu a década de 80, cresceu bem devagar nos anos 90, teve sorte na primeira década deste século por causa do crescimento da China e pelos preços de commodities, mas os últimos anos voltaram a ser perdidos”, afirma Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia durante certo período. Portanto, o PIB é o índice que nos ajuda a avaliar se a economia está crescendo e se o padrão de vida e bem-estar social está melhorando. É o número que realmente importa! Enquanto nos concentramos em índices que simplesmente denotam a falta do que fazer, problemas reais nos afligem. Estamos “filozando” (quem sabe, um novo termo), perdendo tempo com assuntos medíocres e os desafios só agigantando. Como o próprio jornal diz: “é indispensável investir em qualificação de mão de obra e melhorar o ambiente de negócios”. Longa vida à Filó, meu reconhecimento ao IBAMA, mas vamos focar no que realmente vale a pena. Será que conseguiremos?