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Mão de obra em xeque por Sami Goldstein

De acordo com um artigo da Axios, a escassez de mão de obra pode estar aqui para ficar. Mesmo que o mercado de trabalho esfrie em relação ao seu estado atual, isso pode significar que a escassez de mão de obra estará conosco por um longo prazo. A diminuição das taxas de fertilidade e o aumento da expectativa de vida devem levar a uma queda nas populações em idade ativa em todos os países do G20, de acordo com projeções citadas em um relatório recente do Moody’s Investors Service. “A Coréia, a Alemanha e os EUA devem ver os declínios mais acentuados na próxima década”, afirma o Moody’s.

A escassez de mão de obra qualificada é um problema global e o Brasil não é exceção. O Fórum Econômico Mundial e a Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade do Governo do Brasil e o Ministério da Economia realizaram a primeira reunião de co-presidentes da Iniciativa Aceleradora de Habilidades do Brasil. O Acelerador visa desenvolver uma análise de sistema e um plano de ação para alcançar 8 milhões de trabalhadores brasileiros por meio de programas nacionais de treinamento. O objetivo é fechar as lacunas de habilidades entre a força de trabalho atual e futura e promover a requalificação e aprimoramento da força de trabalho brasileira, combinando as capacidades mais exigidas. Tudo isso abordando a digitalização acelerada e o surgimento de uma disseminação mais ampla de novas tecnologias, que impactou os mercados de trabalho.

De acordo com uma nota informativa preparada para o Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina, o mundo do trabalho está enfrentando uma disrupção sem precedentes e a ansiedade é alta. Os sistemas educacionais não estão acompanhando as mudanças radicais na natureza dos empregos e nas habilidades necessárias para preenchê-los. Os mercados de trabalho são ineficientes, não conseguindo combinar habilidades com empregos disponíveis. No Brasil, 12% da força de trabalho estão desempregados ou 12 milhões de pessoas. Além disso, existem 13 milhões de pessoas que trabalham menos do que poderiam ou gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego ou não puderam começar.  A escassez de habilidades é particularmente grave em ocupações que exigem habilidades tecnológicas. De acordo com o LinkedIn, a maioria dos principais skills exigidos pelos empregadores no Brasil está relacionada a tecnologias digitais.

Se a empregabilidade é o maior programa social, a qualificação é o maior programa de empregabilidade. A mão de obra está cada vez mais em xeque. Um enorme desafio que demanda ações cada vez mais coordenadas e assertivas do Poder Público. Um bom exemplo é o Programa Qualifica Paulínia que conta com cifras vultosas de investimento municipal, tornando cada vez mais inclusivo o acesso à qualificação com foco em inovação. Já dizia o poeta que fazer o bem, faz bem. E qualificar não é apenas fazer o bem: é fazer o que deve ser feito e da forma certa! Certamente, uma bandeira que vale a pena defender.