Procure em suas redes sociais. Certamente, as lembranças que mais aparecerão de exatamente um ano atrás serão sobre o momento de apreensão que todos nós atravessávamos. A pandemia estava cada vez mais enfurecida e tínhamos em um horizonte ainda distante um pequeno feixe de luz: a vacina que recém havia começado a ser aplicada no mundo. Mas aqui ainda não. A chegada da vacina era uma incógnita. E em vez de nos unirmos apesar de nossas diferenças, furiosos debates tomaram conta do cotidiano. Famílias e amizades foram desfeitas. Conseguimos o inimaginável: politizamos o impolitizável. Polarizamos o impolarizável. E transformamos a batalha contra a Covid-19 em uma intensa guerra contra um mal maior: a burrice. Para ambas, ainda não havia remédio. Tínhamos, porém, uma certeza: em algum momento, surgiria um medicamento para o vírus. Ele chegou. Já burrice, como sempre disse minha mãe, não tem cura.
O Brasil atravessou a pandemia para continuar mergulhado em profunda crise existencial. Se fosse possível colocar o país no divã, certamente o psiquiatra teria enlouquecido. A burrice sem cura tomou conta e uma legião de ávidos torcedores passou a se digladiar. E chegamos ao ápice da ignorância com cenas lamentáveis nos últimos dias. Não me compete aqui tecer qualquer comentário sobre quem tem a razão. Razoabilidade é uma palavra que há tempos vem sendo interpretada conforme a conveniência do momento. E a democracia é justamente o mecanismo que permite que debatedores que julgam ter a razão possam, no campo das ideias, encontrar um denominador comum e seguir adiante. Os extremos são danosos. Os extremos são abomináveis. Seja o extremo da direita, da esquerda, do Executivo, do Legislativo, do Judiciário ou até mesmo do síndico de seu condomínio. Extremismo não presta e ponto!
O Brasil está doente. E temos a cura! Cura essa que não virá de poderosos, mas de cada um de nós. É hora de repensar atos e atitudes. É hora de voltar ao plano dos debates e lá permanecer. Defenda suas ideias e vamos juntos curar o Brasil.
