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Sete de cada dez trabalhadores por conta própria ou sem registro gostariam de mudar para uma ocupação que fosse ligada a uma empresa pública ou privada. É isso o que mostra a Sondagem do Mercado de Trabalho, nova pesquisa lançada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e divulgada nesta última terça-feira. A proporção é ainda maior quando considerados todos os trabalhadores informais – aqueles que não possuíam nenhum tipo de registro oficial, incluindo os trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ. Nesse caso, 87,7% afirmaram que gostariam de se formalizar, seja via carteira assinada, seja através de registro. Para Rodolpho Tobler, coordenador e responsável técnico pela pesquisa do Ibre/FGV, “é mais gente trabalhando por necessidade (nesse tipo de ocupação) do que por uma vontade própria”. A Sondagem do Mercado de Trabalho aponta que a preferência pelo trabalho formal é motivada pelo desejo de ter rendimentos fixos e o acesso a benefícios que as empresas costumam dar.
Nesta semana, ocorreu o “Effectuation in Rio”, encontro voltado para discutir o empreendedorismo, organizado por Coppe/UFRJ e Faperj no Rio de Janeiro. Uma das grandes atrações foi a presença, pela primeira vez, da pesquisadora indiana Saras Sarasvathy, professora da Darden School of Business da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, tida como uma das principais estudiosas do empreendedorismo no mundo. Para ela, o Brasil precisa de soluções em educação empreendedora combinada com habilidades técnicas. Em recente entrevista ao Globo, ponderou que “a coisa mais importante ao empreender é aprender e saber como criar com os outros, ‘cocriar’. Um dos problemas aqui é um mal-entendido de como a confiança e a cooperação funcionam. A dica para empreendedores no Brasil é: não faça isso sozinho. Às vezes, tanto a cultura quanto a educação podem reforçar uma divisão profunda entre o esforço competitivo individual e a ação coletiva, impedindo a criação de novas redes de confiança. Parte dessa confusão vem da falta de boas instituições que estimulem a confiança.”
Onde erramos? Erramos drasticamente ao não estabelecer metas de investimentos em educação financeira e cultura empreendedora. Quando temos o retorno de um levantamento em que o desejo de rendimentos fixos aliado aos benefícios proporcionados por empresas se sobrepõe ao exercício da criatividade conjugado com espírito desafiador, a soma sempre dá negativa: desperdiçamos talentos que realmente podem fazer a diferença não apenas no aspecto laboral mas também nos impactos sociais. Empreendedorismo deve ser dos nortes mais importantes em nosso país, começando desde os pequenos. É preciso repensar o presente para conseguirmos minimamente projetarmos o futuro. Um futuro em que os trabalhadores se vejam como empreendedores, sabendo que podem fazer ainda mais por si. A grama do vizinho, neste sentido, nem sempre é mais verde.