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Pandemia do desemprego por Sami Goldstein

Impossível não trazer à tona e utilizar este espaço para discussão de tamanha importância. Nesta semana, o G1 divulgou dados de uma pesquisa. De acordo com a matéria datada de 22/11, “a taxa de desemprego do Brasil tem mostrado tendência de queda, mas é a 4ª maior entre as principais economias do mundo. É o que aponta ranking da agência de classificação de risco Austin Rating, feito com exclusividade a pedido do g1, que reúne dados de mais de 40 países que já divulgaram dados oficiais no 3º trimestre. O levantamento mostra que o desemprego no Brasil é mais que o dobro da taxa média global e também o pior entre os integrantes do G20 (grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia) que já divulgaram números relativos a agosto ou setembro.”. Ainda de acordo com o levantamento, “apenas Costa Rica, Espanha e Grécia registraram em agosto uma taxa de desemprego maior que a do Brasil.”.
Enquanto isso, lá fora, desesperados por mão de obra, restaurantes nos Estados Unidos recorrem a robôs para suprir a escassez de mão de obra. Na Alemanha, onde as autoridades alertaram recentemente que o país precisa de 400 mil novos imigrantes por ano para preencher vagas em áreas que vão da academia ao conserto do ar-condicionado, uma nova Lei de Imigração oferece vistos de trabalho acelerados e seis meses para visitar e encontrar um emprego. O Canadá planeja dar residência a 1,2 milhão de novos imigrantes até 2023. Israel fechou recentemente um acordo para trazer profissionais de saúde do Nepal. E na Austrália, onde minas, hospitais e bares estão com falta de mão de obra após quase dois anos de fronteira fechada, o governo pretende praticamente dobrar o número de imigrantes autorizados a entrar no país no próximo ano.
O Brasil pode ter de conviver com uma década perdida de desemprego alto que vem se estendendo desde 2015 e que, acordo com análise do economista Bráulio Borges, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, poderá melhorar somente a partir de 2026. Não, o “fique em casa” não é o único culpado; apenas agravou o que já era grave. O Brasil das picuinhas já há tempos vem vivendo de belos discursos e sem fazer a lição de casa. É fundamental concentrar esforços na qualificação profissional, principalmente de nossos jovens e injetar estímulos na economia para fomentar o empreendedorismo e geração de renda. O Brasil do futuro não mostra um futuro para os que aqui estão. Mostra apenas brigas, rivalidade, polarização e discussões inúteis. A pandemia do desemprego poderá deixar marcas indeléveis em gerações cujas consequências serão desastrosas. Para estas, mesmo que a vacine chegue, as chances de a imunização falhar são gigantescas.