Dados são do CAGED e do Observatório PUC-Campinas
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou março com um salário médio pago aos trabalhadores admitidos 12,99% superior ao nacional, de acordo com os dados do Observatório PUC-Campinas e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. O valor médio de contratação das pessoas que conseguiram emprego com carteira registrada na Grande Campinas foi de R$ 2.351,84, contra os R$ 2.081,50 do nacional, e é superior ao verificado em 25 Estados e no Distrito Federal. O montante configura um empate técnico com a média de R$ 2.361,24 do Estado de São Paulo, que é a maior do país. A diferença é de apenas 0,4%, o que em moeda corrente representa R$ 9,40, o equivalente a duas caixas de leite longa vida.
O Estado com o segundo maior salário inicial é o Rio de Janeiro, com R$ 2.117,63, enquanto o mais baixo é o Acre – R$ 1.631,53. Para a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) – Regional Campinas, Lia Ferreira, o valor superior se deve à “especialização exigida na Região Metropolitana e a guerra da mão de obra”. De acordo com ela, a remuneração média mais alta é puxada pelos empregos que exigem maior formação técnica dos trabalhadores, nicho em que é difícil encontrar funcionários para preencher as oportunidades oferecidas e sobram vagas. Com isso, as empresas têm de pagar salários melhores para atrair os interessados.
De acordo com o Observatório PUC-Campinas, os dois setores que hoje pagam a maior média inicial na RMC são a construção civil, com R$ 2.887,42, e a indústria, R$ 2.720,18. Para suprir a falta de mão de obra especializada, as construtoras buscam formar os próprios funcionários com cursos e treinamento constante. Segundo o diretor-regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Márcio Benvenutti, esse déficit de mão de obra também é reflexo das transformações do setor, com novas técnicas, materiais e processo mais industrial.
Os dados do Observatório PUC mostram que há diferença mesmo dentro da RMC. Maior polo petroquímico da América Latina, Paulínia teve a maior média salarial entre os empregos formais, R$ 2.973.26. Das 20 cidades da Grande Campinas, três municípios tiveram valores inferiores à média nacional: Artur Nogueira (R$ 2.076,66), Holambra (R$ 1.989,33) e Morungaba (R$ 1.889,65). Em Campinas, o valor em março foi de R$ 2.359,47.
Para a responsável pela pesquisa do Observatório PUC, a economista Eliane Navarro Rosandiski, a remuneração média superior na RMC “tende a ser maior em função da complexidade das atividades econômicas aqui instaladas comparativamente à média nacional”. A economia regional é bastante diversificada, com atividades industriais, de serviço, construção civil e comerciais fortes, além de cidades onde predomina a agricultura, como é o caso de Holambra.
Apesar da média inicial maior, os R$ 2.351,84 pagos na Região Metropolitana ainda não repõe os 21,05% de inflação acumulada nos últimos 36 meses encerrados em março, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Levando em conta que nesse mês de 2021 o salário médio era de R$ 2,032,40, o valor atual deveria ser de R$ 2.460,22. De qualquer forma, a recomposição que está ocorrendo e o crescimento na oferta de empregos ajudam a aumentar a renda das famílias e o poder aquisitivo.