Início Paulínia Pavan prometeu doar terrenos em troca de participação em protestos do MCCE

Pavan prometeu doar terrenos em troca de participação em protestos do MCCE

Relações públicas Marco Antonio de Paula negou a ligação entre a FDDIP e o MCCE, mas confirmou a participação de membros da associação nos manifestos políticos em prol de Pavan

Agora, membros da FDDIP cobram Pavan da promessa de doação de terrenos

Cerca de 150 manifestantes fizeram plantão em frente da Prefeitura de Paulínia na tarde de terça-feira, dia 2, para cobrar uma promessa de campanha do prefeito em exercício, José Pavan Junior (PSB). Os protestantes exigem a oficialização da promessa de doação de terrenos para a construção de moradias populares em regime de mutirão.

Durante o manifesto, os populares afirmaram ter participado das ações do MCCE de Paulínia (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) no Fórum de Paulínia e por duas vezes no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral), a pedido de Pavan e em troca do cumprimento da promessa de doação de terrenos.

O grupo afirmou ainda que ficou à disposição de participar de protestos em Brasília, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde tramita em fase final o processo de substituição de Edson Moura por seu filho Edson Moura Junior (ambos do PMDB) nas eleições municipais de 2012. Moura Junior foi eleito com a maioria dos votos, mas a justiça eleitoral municipal e paulista não aceitaram sua candidatura, o que fez o segundo colocado assumir a Prefeitura de Paulínia.

Os manifestantes, membros de Paulínia e de cidades vizinhas da FDDIP (Frente de Defesa de Direito de Interesse Popular), protocolaram a promessa de Pavan no Ministério Público e aguardam um parecer do departamento jurídico da Prefeitura de Paulínia.  “A gente veio aqui cobrar agilidade. Não temos muito tempo para esperar. O que a gente quer é um sim ou um não. Não ficaremos aguardando o terreno ou casa cair do céu, vamos cobrar mediante a lei federal. Se existe área de terra para doar para empresas, porque não doar para o povo?”, questiona o relações públicas da FDDIP, Marco Antonio de Paula, responsável pelos manifestos da associação.

“Ele prometeu os terrenos se a gente fosse com o pessoal da Ficha Limpa [MCCE] pro TRE. A gente fez papel de palhaço lá e agora ele vai ficar tirando o corpo fora?

Eu mesma não tenho onde morar, estou de favor na casa de um e de outro. A panelinha que estava lá, está empregada aí dentro [Prefeitura], mas o pessoal que vestiu a camisa, está fora. A gente não tem casa, nem emprego, nada e só está reivindicando o justo. Estou me sentindo muito humilhada. A gente foi três vezes no TRE, lutar por ele, pra ele estar aqui e ele envergonha a gente?”, revoltou-se Anaceli Regina Tibúrcio, soldadora desempregada e moradora provisória com dois filhos pequenos numa casa no Eucaliptos, região do Parque da Represa.

“Ou ele vai cumprir ou vai cumprir. É palavra do próprio Pavan: quem promete, tem que cumprir. A gente não é palhaço. Se ele cumprir com a gente, ele vira santo, mas se não cumprir com a gente, então ele é o diabo e pau nele” – Marco Antônio, RP da ADDIP

Marco Antonio negou a ligação entre a FDDIP e o MCCE, mas confirmou a participação de membros da Frente nos manifestos pela Lei da Ficha Limpa em prol de Pavan. “O MCCE, por algum motivo, convenceu o pessoal da associação a participar, mas nós lutamos pelos movimentos sociais. Todo mundo participou da reunião com o MCCE e ali ficou acordado que a gente iria com eles onde quisessem ir, seja aqui no cartório, seja em São Paulo, Brasília. Agora, uma coisa não tem nada haver com a outra. Nós fizemos um pedido e vamos cobrar até o fim, porque o povo não é palhaço. O povo vota e vai cobrar o que está escrito na lei federal”, disse.

 

Pavan prometeu doar 500 terrenos

De acordo com os manifestantes, Pavan prometeu doar 1,2 mil terrenos em área pública para a construção de moradias da associação FDDIP. O número baixou para 500 em janeiro, quando protocolado no Ministério Público.

“Ele nem fala que sim, nem que não. E a gente fica esperando. A gente precisa de certeza. Estou sem ter onde morar, minha filha tem problema cardíaco, meu filho tem problema neurológico e eu agora estou doente. Até aproveitei hoje para protocolar um pedido do meu remédio de coração que não tem na rede. Isso tudo deixa a gente mais doente ainda”, desabafou Anaceli Regina.

Outros dois manifestantes, Sebastião Cowboy e Geminiano Alves Batista confirmam a promessa de terreno de Pavan pela participação nos manifestos do MCCE. “Ele disse que ao assumir a Prefeitura, assumiria o compromisso de 500 casas. Daí, o Edson Moura ganhou [nas urnas] e nós fomos em São Paulo com dois ônibus, íamos para Brasília, fizemos várias passeatas com ele e agora na hora do vamos ver, ele está tirando o corpo fora. Nós nos reunimos e lutamos com ele até o fim”, declara Cowboy.

“Ele prometeu os terrenos para nós se fossemos em São Paulo representar o Ficha Limpa [com o MCCE]. Mas ele só prometeu. Fazer o que? Promessa de político é assim mesmo, não cumpre. É a realidade dos fatos. Nós, trabalhadores, viemos aqui para cobrar uma promessa e a resposta dele foi encher a Prefeitura de viatura de polícia”, disse seu Geminiano, morador do Monte Alegre.

Moradia só para ricos

Ainda no manifesto, os manifestantes reclamaram de ter sido encaminhados pelo cadastro da Prefeitura de Paulínia para o financiamento do Residencial Pazetti, cujos terrenos são doados pela Prefeitura e a construção das casas financiadas pela Caixa. “Eu e minha esposa moramos aqui há quase 40 anos, vivemos de salário mínimo e nos encaminharam para o Pazetti, onde precisaríamos dar R$ 28 mil de entrada. Se eu tivesse esse dinheiro, não precisava pedir terreno para a Prefeitura”, disse um morador do bairro Marieta Dian que preferiu não se identificar.