Início Governo Perseguido politicamente, Kiko Meschiatti tem denúncias contra Dixon acatadas pelo MP

Perseguido politicamente, Kiko Meschiatti tem denúncias contra Dixon acatadas pelo MP

De acordo com o vereador, mesmo com ameaças e perseguições, seu trabalho em prol da população continuará sendo feito

Vereador afirma que é perseguido politicamente por ter se pronunciado sobre os indícios de irregularidade em contratos emergenciais, sobre o sucateamento da saúde em Paulínia e também sobre as denúncias que o MP vai averiguar

Um dos vereadores mais atuantes de Paulínia, Kiko Meschiati (PRB), completa em agosto oito meses de seu primeiro mandato. Mesmo estando há pouco tempo ocupando uma cadeira na Câmara, Kiko já demonstrou que está fazendo jus ao que prometeu quando tomou posse, no dia 1ª de janeiro de 2017: trabalhar pela população.

Mas logo em seu primeiro dia como vereador, ele, que era o favorito para ocupar a presidência da Câmara por ter sido eleito com maior número de votos, não foi escolhido para o cargo e desabafou. “Achava que poderia ter um pouco mais de respeito com a gente. Estou, sim, entristecido, não estou feliz. Mas desejo todo o sucesso do mundo ao senhor presidente e que venhamos poder desempenhar um bom trabalho aqui na Câmara juntos”, disse à época. No mesmo dia, ele foi escolhido para integrar a Comissão de Finanças e Orçamento ao lado dos vereadores Danilo Barros e Marcelo D2.
Desde então, o vereador passou a desempenhar seu papel de maneira transparente e eficaz.

Soluções para velhos problemas
No primeiro mês de mandato e liderando uma comissão de vereadores, Kiko Meschiati visitou vários locais da cidade que eram os principais alvos de reclamações da população.

Lugares como Poliesportivo, Ginásios de Esportes, Parque das Flores, Barracão da Prefeitura e Centro do Zoonoses, entre outros, foram visitados por ele, que ouviu as reivindicações dos trabalhadores e moradores da região e catalogou as principais necessidades de cada local.

Além disso, o Hospital Municipal de Paulínia também foi visitado por Kiko, que comprovou as denúncias de que o local estava funcionando com severas dificuldades. Dentro de sua prerrogativa de fiscalizar, o vereador disse na ocasião, que se deparou com uma situação que classificou como ‘alarmante e precária’.

De acordo com ele, a situação era tão precária que outras cidades emprestaram materiais básicos para o atendimento aos pacientes em Paulínia. “É vergonhoso para uma cidade com a arrecadação de R$ 1,4 bilhões pedir material emprestado para cidades vizinhas. Eles estão nos emprestando até soro fisiológico”, relatou Kiko durante a visita.

CEI das Desapropriações
A primeira sessão ordinária da atual legislatura já contou com a aprovação de duas CEIs – Comissão Especial de Inquérito. Uma delas é presidida por Kiko e investiga as desapropriações e doações de imóveis realizadas pela Prefeitura de Paulínia entre 2013 e 2016.

Kiko, foi enfático em sua primeira fala reforçando seu compromisso com a população, “pois agora que tenho oportunidade de ser vereador, vou cobrar e fiscalizar tudo que estiver ao meu alcance, visto que o povo clama por mudança e transparência”.

Segundo levantamento prévio nos últimos anos, foram gastos mais de R$ 50 milhões. “Fui até a Karcher que ficava em Betel e gerava 600 empregos. Ao invés de ajudarem a empresa, deixaram ir embora e aí foram lá e compraram o terreno”, comentou Kiko, que também declarou que uma área de preservação ambiental próxima ao bairro Jardim Flamboyant (Nosso Teto), foi desapropriada por cerca de R$ 35 milhões.

 

“O meu lado é o do interesse da população”, diz Kiko

Ex-líder de Governo
Elogiado pelas primeiras atuações como vereador de Paulínia, Kiko Meschiati foi convidado pelo prefeito Dixon Carvalho (PP) a ocupar o cargo de líder de governo na Câmara, mas pouco tempo depois, abriu mão da posição.
Segundo o vereador, ele ficou insatisfeito com a falta de diálogo e os atos da administração. No plenário da Câmara, Kiko disse que desde seu primeiro dia de mandato vinha travando uma luta com o Executivo para que suas reivindicações fossem atendidas, mas que até então, não havia conseguido resultados satisfatórios.

“Não concordo com a maneira que a cidade está sendo administrada. Não posso continuar brigando com meus princípios, pois não foi para isso que hoje estou vereador”.

Na sessão ordinária do dia 9 de maio, Kiko deixou claro que “não sou oposição, eu sou posição à população, se isso for ser oposição, então entenda como quiser”.

 

Se estiver superfaturando a merenda, vou fazer de tudo para te por na cadeia”, diz Kiko
A partir do mês de março, as sessões se tornaram polêmicas por conta dos pedidos de cassação contra Dixon protocolados na Câmara.

No dia 28 do mesmo mês, a maioria dos vereadores votaram pelo arquivamento de duas denúncias graves contra o prefeito de Paulínia que apontavam indícios de superfaturamento e direcionamento em contratos emergenciais. O caso mais grave envolvia a RC Nutry Alimentação Ltda., que passou a fornecer a merenda escolar por um período de seis meses pelo valor de R$13.197.960,00.

Na sessão ordinária do dia 11 de abril, Kiko fez o uso da palavra para mandar um recado ao prefeito Dixon. “Se o senhor [prefeito Dixon] estiver correto, eu voltarei nesta tribuna para te parabenizar, mas se o senhor estiver superfaturando merenda, eu vou fazer de tudo para te por na cadeia”.

A sessão ainda contou com o debate entre os vereadores e pelos pedidos de explicações sobre o arquivamento das denúncias. Apenas Kiko Meschiati e Tiguila Paes votaram a favor da abertura de uma comissão que investigarias os dois casos.

Ovos de Páscoa
No dia 20 de abril, os vereadores Kiko Meschiatti e Tiguila Paes protocolaram no Ministério Público a denúncia de um suposto superfaturamento na compra dos ovos de Páscoa que foram distribuídos para os alunos da rede municipal de Paulínia.
De acordo com informações do Portal da Transparência, este ano, o município desembolsou R$ 13,95 por cada um dos 23 mil ovos de chocolate. Em 2016, ainda sob a administração de José Pavan Junior, a Prefeitura de Paulínia comprou a mesma quantidade de ovos pelo valor de R$ 6,19 cada, totalizando R$ 142.370,00. O atual prefeito gastou R$ 320.850,00.

Os vereadores pesquisaram os valores dos chocolates semelhantes em vários atacadistas da região e também na própria empresa que forneceu para Paulínia. O resultado surpreendeu, porque o mesmo chocolate, da mesma empresa, porém maior, foi vendido por valores menores para outras cidades. “Prefeito, eu não sei onde o senhor quer chegar com isso, não sei se houve superfaturamento ou não, mas a prefeitura de Holambra comprou os ovos da mesma empresa que o senhor comprou, porém lá, um ovo de 250 gramas eles pagaram R$ 5,70”, afirmou.

Durante a sessão do dia 25 de abril, ele ainda mandou um recado ao prefeito. “Eu acho que o senhor tem alguma coisa contra criança, porque o senhor não cuida da merenda, o senhor não cuida dos ovos de páscoa, o senhor tira o colírio de pingar no olho de um anjinho recém-nascido. O senhor está inspirando meus instintos primitivos”.

Direcionamento no emergencial da saúde
Os vereadores Kiko Meschiati e Tiguila Paes entraram com uma Representação no Ministério Público denunciando um possível direcionamento no contrato emergencial entre a Única Serviços de Limpeza Ltda e a Prefeitura de Paulínia. Desde o dia 16 de maio, a empresa é a responsável pelos serviços de limpeza e higienização do Hospital Municipal e das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município.

A suspeita já tinha sido anunciada por Kiko durante a sessão da Câmara. “Estou na minha casa, chega um munícipe da nossa cidade e me diz o seguinte: Kiko, eu sabia que a Única iria ganhar a licitação. Registrei no Cartório de Campinas avisando que a Única ia ser a vencedora 30 dias antes dela ganhar”, contou Kiko mostrando o documento que lhe foi entregue.

Esse documento, registrado no 1º Oficial de Registro Títulos e Documentos de Campinas no dia 19 de abril, foi a base para o pedido de investigação.

Apelo para investigação sobre enriquecimento ilícito
O terceiro pedido de cassação contra Dixon Carvalho, denunciado por indícios de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, fraude e superfaturamento em contratação emergencial na Prefeitura de Paulínia, foi votado na última sessão, realizada no dia 1º de agosto.

Antes da votação e fazendo o uso da palavra, Kiko Meschiati pediu aos seus colegas vereadores que não prevaricassem. De acordo com o dicionário, a palavra prevaricar significa “deixar de cumprir uma obrigação, um dever: prevaricar as normas”.
“Eu quero pedir para vocês aqui vereadores, não vamos prevaricar. Temos o direito de fiscalizar, vamos trazer a transparência para a população […] olhem para a população porque o clamor da população é este. A população está clamando para que a gente investigue, para que a gente cobre, para que a gente abra e instaure essa CP”, insistiu Kiko.

O vereador ainda explicou que o ato de abrir uma Comissão Processante não significaria que o prefeito seria cassado. “Não estamos cassando o prefeito. Se estiver tudo correto, nós vamos falar aqui que está certo, mas se tiver irregularidades é sem massagem, não é para ficar de ‘lenga-lenga’”, disse. O pedido de Kiko não foi considerado pelos vereadores e novamente, a maioria preferiu arquivar a denúncia.

“O meu papel de vereador, que é de fiscalizar, eu vou continuar fazendo. Eu não deveria estar ‘remando contra a maré’ desse jeito, porque esta é a nossa obrigação. Seguirei em frente com os propósitos da nossa população, que é o de ter uma cidade bem cuidada e mais acolhedora para todos”.

Kiko afirma sofrer perseguição política

Tanto empenho em denunciar o que ele classifica como “desmando do governo municipal” trouxe problemas para Kiko Meschiati. Pelo menos em duas sessões, nos dias 25 de abril e 9 de maio, o vereador fez o uso da palavra para declarar que ameaças e perseguições não farão com que ele pare de trabalhar pela população.
“Dixon, você está levando para o campo pessoal, você já mexeu com a vida da minha empresa, você está mexendo com a minha pessoa física. Eu até agora te respeitei e te tratei democraticamente, então me respeite”, disse durante os trabalhos do dia 9 de maio, e continuou. “Não dá para entender uma coisa dessa: mandar pessoas virem aqui? Vem o senhor, sobe nessa tribuna aqui e vamos conversar de perto eu e o senhor, é muito mais fácil. Não precisa mandar ninguém aqui para dar recado não”.

Kiko ainda disse que não iria recuar e que continuaria trabalhando por Paulínia. “Eu sei que mexi em um abelheiro e estou sendo picado de todos os lados, mas eu não tenho alergia. Quero deixar claro que vou brigar aqui até o último dia pelo meu direito e em respeito àquele juramento que fiz. Contem com esse vereador até o último dia que eu permanecer sentado nesta cadeira”, afirma.

Ele ainda finalizou, dizendo que não tem medo de ameaças e perseguições. “Eu não sabia que por defender o pobre, o trabalhador e defender a população seria tão perseguido dessa maneira. Nunca passou pela minha cabeça que defender os meus ideais, o que eu vivi, que seria perseguido por isso. Mas o medo não faz parte do meu dicionário. Eu vou continuar defendendo a população e aquilo que eu acho que é correto”, finalizou.