Método utiliza imagens produzidas por aparelho de ultrassom para reconhecer placas de gorduras nas artérias carótidas que podem levar ao ataque cardíaco
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram procedimento inédito que usa a inteligência artificial (IA), capacidade de dispositivos eletrônicos de funcionar de maneira semelhante ao pensamento humano, para identificar risco de infarto, a principal causa de mortes no país e no mundo. O novo método associa um computador com uma programação baseada em algoritmos (conjunto de instruções e regras que um software possui para executar funções) a um aparelho de ultrassom para reconhecer a formação de placas de gordura nas carótidas (artérias que levam sangue e nutrientes ao cérebro) que podem levar ao ataque cardíaco.
Segundo o Ministério da Saúde, o infarto causa cerca de 400 mil mortes por ano no Brasil, número equivalente à soma da população de duas das maiores cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC): Sumaré e Hortolândia. Entre janeiro e setembro de 2023, foram 280.330 óbitos, de acordo com estimativa do “Cardiômetro”, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A nova metodologia desenvolvida por pesquisadores da área de cardiologia do Hospital de Clínicas (HC) e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp mede a espessura da camada íntima da carótida e o risco do desenvolvimento de arterosclerose, o que leva ao infarto do miocárdio. A arterosclerose é o entupimento da veia por gordura, o que bloqueia a passagem do sangue e causa o ataque cardíaco.
O novo método é “mais barato, mais eficaz e não é invasivo” quando comparado aos procedimentos convencionais, disse o médico cardiologista Andrei Sposito, orientador do estudo feito com 224 pacientes com diabetes tipo 2, que teve o resultado publicado na revista científica Nutrion, Metabolims and Cardiovascular Diseases, do grupo Nature. Esse é o segundo estudo realizado que levou ao desenvolvimento da metodologia do novo exame. O primeiro foi feito com pacientes com hipertensão (pressão alta), que, junto com a diabetes, está entre as principais causas do infarto. As outras são tabagismo, colesterol alto (gordura), obesidade, estresse e depressão.