Paulínia deixa de ser referência nacional por má administração do dinheiro público

Incompetência. Falta de gestão. Má administração do dinheiro público. Abandono da cultura em resposta à rivalidade política. Apenas uma desculpa para dizer que vai cumprir as promessas de campanha faltando só oito meses para acabar o mandato.
Uma enxurrada de comentários circula no Brasil desde a manhã de sexta-feira, dia 13, sobre o cancelamento do Festival Paulínia de Cinema, anunciado pelo atual prefeito de Paulínia, José Pavan Junior (PSB). Em sua grande maioria, as críticas recaem sobre a falta de competência e prioridade intelectual da administração municipal.
Como mostram os quadros que acompanham essa reportagem, com depoimentos públicos de diretores, produtores, autoridades, personalidades e da população de Paulínia e do País, a cidade está com o título de principal polo nacional de cinema arranhado com a decisão do prefeito.
Eleito com apoio do prefeito Edson Moura (PMDB), criador do Polo Cinematográfico de Paulínia e também do Festival de Cinema, cuja primeira edição aconteceu em 2008, o prefeito rompeu com seu antecessor ainda nos primeiros meses de mandato e desde então, tem reduzido os investimentos no polo.
Entre 2011 e este ano, o prefeito deu fim aos cursos de cinema para a formação profissional da população, fechou a Escola Magia do Cinema para adaptar uma escola de ensino fundamental, não publicou os editais que atraem as produções de cinema para a cidade e atrasou o pagamento às produtoras que rodaram na cidade e estão prestes a lançar os filmes no cinema.
Economia: desculpa esfarrapada?
O argumento usado pelo prefeito na coletiva de imprensa para anunciar o corte de investimento no festival contradiz seu discurso. O prefeito disse que o cancelamento do festival resulta na economia de R$ 10 milhões para os cofres públicos.
No entanto, segundo dados divulgados pela Secretaria de Cultura em 2011, a Prefeitura gastou apenas R$ 3,5 milhões com a realização do evento, que teria consumido R$ 5 milhões com o auxílio de patrocínios.
Também no ano passado, o secretário da Cultura, Emerson Alves, anunciou à imprensa que a economia chegava a R$ 7 milhões se comparada com a primeira edição do festival e que a redução dos gastos representava a independência do Polo de Paulínia. Hoje, Alves não compareceu à coletiva.
Segundo o prefeito, a economia com o cancelamento do principal evento de repercussão nacional de Paulínia ocorre em detrimento de prioridades sociais.
Gasto excessivo com o funcionalismo
Ainda entre os argumentos para tentar dar sentido ao cancelamento do festival, o prefeito disse ter assumido uma herança do governo passado com os funcionários públicos, devido aos abonos também criados por Edson Moura que somam R$ 1,8 mil aos salários.
Ainda assim, o prefeito enfatizou que a decisão não é política e que as demais atividades do Polo Cinematográfico de Paulínia e da Secretaria de Cultura continuam. Apesar disso, os editais de incentivo de 2011 e também os de 2012 também não foram e não têm data para serem publicados.
Segundo o prefeito, a decisão de cancelar esta que seria a quinta edição do Festival de Cinema de Paulínia, foi tomada esta semana, quando seriam iniciados os preparativos para o evento.
A arrecadação de Paulínia para 2012 está estimada em quase R$ 830 milhões.