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Qualificação: o maior projeto de empregabilidade

Sami Goldstein

O colunista Jamil Chade, do UOL, trouxe um dado extremamente preocupante nesta semana. “Depois de um período de certa recuperação na segunda metade de 2021, o mercado de trabalho no mundo volta a sofrer e a crise do desemprego ganha força em 2022. No caso brasileiro, o ritmo da recuperação registrada no final de 2021 deu sinais de que perdeu fôlego no início de 2022. Inflação e o abalo no mercado chinês pesaram para o setor no Brasil e no restante da América Latina. Dados divulgados nesta segunda-feira pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) revelam que as múltiplas crises globais estão causando uma deterioração acentuada na recuperação do mercado de trabalho global, com desigualdades crescentes dentro e entre países. ” Para o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, “a recuperação do mercado de trabalho global entrou em um caminho inverso. Uma recuperação desigual e frágil foi tornada mais incerta por uma combinação de crises”. A agência da ONU estimou que havia o equivalente a 112 milhões de empregos em período integral a menos no primeiro trimestre de 2022 do que em comparação com os níveis pré-Covid. Além disso, havia um risco crescente, mas incerto, de que a quantidade de horas trabalhadas continuasse a diminuir em 2022. De acordo com sondagem do Ciesp-Campinas publicada no Correio Popular, “o número de indústrias que registraram queda no volume de produção e no faturamento aumentou sensivelmente em apenas um mês, na região de Campinas. Quase dobrou a quantidade de empresas que precisaram reduzir a produção.”.

A situação não está fácil, não é novidade alguma. Tampouco é exclusiva do Brasil. Temos visto diversos discursos de “amor, paz e união” que ficam lindos em palanques ou postagens de redes sociais mas têm pouca ou quase nenhuma efetividade. Mas a situação ficará ainda mais dura sem uma séria e profunda discussão sobre empregabilidade. Já falamos algumas vezes sobre o processo darwiniano de seleção natural. Em relação ao mercado de trabalho, é o mesmo: quem não se adapta, sucumbe. Ainda mais em um cenário cada vez mais desafiador como o atual em que nem saímos de uma crise e vêm mais baques a nos atormentar. Empregabilidade não é apenas o direito à vaga. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 23º, deixa claro que “todos os seres humanos têm direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. ” Empregabilidade é um conjunto de fatores. Dentre eles, o maior projeto: a qualificação profissional. A constante capacitação é a maior ferramenta de proteção contra o desemprego, ainda mais nesta selva econômica em que fomos lançados. Qualquer discurso acerca de empregabilidade que não passe pelo processo inicial de qualificação profissional é vazio ou deturpado. Se vazio, produz palavras, não efeitos. Se deturpado, visa interesses próprios. Precisamos de exemplos práticos, não fictícios e muito menos politiqueiros de como combater o desemprego. Exemplos como o da cidade Paulínia, distante aproximadamente 120 Km de São Paulo, pela primeira vez aportando grandes somas de sua bilionária arrecadação em um amplo projeto de qualificação profissional para seus munícipes.

Empregabilidade é o maior programa social. Qualificação profissional é o maior projeto de empregabilidade. Conhecimento ninguém tira da pessoa. E quem tem conhecimento, sabe o caminho para recuperar a dignidade por vezes perdida com o desemprego. Capacitar para desenvolver, não existe outro caminho