Para Antônio Zuffo, construção de reservatórios deveriam ter começado. Sistema Cantareira opera em 46% e vida útil era para ser até o ano 2000
A falta de reservatórios de água de grande porte mantém a região de Campinas com risco de desabastecimento nos próximos anos, segundo o professor de recursos hídricos e hidrologia da Unicamp Antônio Zuffo.
O Sistema Canteira, maior reservatório do estado, foi construído entre as décadas de 1960 e 1970. E a vida útil dele era até o ano 2000, ou seja, 17 anos atrás.
Depois disso, seriam necessários sistemas complementares. Foi anunciada durante a crise hídrica de 2014/2015 a criação de reservatórios em Amparo e Pedreira, mas o projeto ainda não saiu do papel. A licença ambiental já foi emitida pela Cetesb, segundo o estado, mas as obras não tiveram início.
“No meu entender como técnico, essas obras que viriam a aumentar a disponibilidade hídrica já deveriam estar sendo construídas”, explica Zuffo. Os reservatórios poderão atender até 15 municípios e viabilizar uma capacidade de fornecimento de mais de 16 mil litos por segundo, proporcionando um aumento de 6 mil litros por segundo na disponibilidade atual de água, segundo divulgado no lançamento das barragens.
O especialista alerta que após o início das obras, estes reservatórios vão levar de cinco a seis anos para ficarem prontos. O volume de chuvas nos anos de 2016 e 2017 é razoável, mas reservatórios poderiam dar segurança, caso nos próximos anos as precipitações caiam novamente.
No sistema Cantareira, por exemplo, a média anual de chuva é de 1.354 milímetros. Em 2016, choveu 1.537. Em 2015, o volume registrado foi de 1.639 milímetros.
Mas em 2014, auge da seca no estado, o sistema recebeu apenas 964 milímetros de precipitações. A população ajudou economizando 30% de água, mas o sistema trabalha abaixo do esperado. Nesta época do ano deveria operar acima dos 60%, mas está em 46,7%.
“Nós estamos com risco alto de desabastecimento, justamente porque nós não temos reservatório para armazenar este volume para que tenhamos segurança”, completa o pesquisador da Unicamp.
Áreas afetadas
De acordo com o Sindicato dos Proprietários Rurais de Amparo, 17 propriedades rurais serão afetadas para a construção da represa. Eles alegam que não existe um cronograma divulgado para eles após reuniões e audiências públicas sobre o assunto.
A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos informou que estão preparando o processo de desapropriação dos imóveis, mas um prazo para o início das obras não foi dado. (G1)