Considerado amigo pessoal e braço direito do prefeito de Paulínia, ex-secretário de Governo afirmou estar decepcionado com a atual administração e vai reparar o erro de ter ajudado a eleger Dixon: “Ele não vai calar minha voz, só se me matar”
O ex-secretário de Governo da administração Dixon Carvalho (PP), Aristides Aparecido Ricatto, convocou uma coletiva de imprensa para anunciar sua saída do governo municipal. O encontro com os jornalistas aconteceu na manhã de segunda-feira (29). Na oportunidade, Ricatto assinou um termo de exoneração que foi entregue ao prefeito.
O ex-secretário iniciou sua fala pedindo desculpas à população por ter ajudado Dixon a ser eleito como prefeito de Paulínia. “Queria pedir desculpa para a população paulinense pelo mal que eu cometi para esta cidade, que foi eleger esse cidadão que aí se encontra como prefeito. Foi uma das maiores decepções que tive na minha vida”, disse.
De acordo com o ex-secretário, em cinco meses de governo, Dixon já havia cometido erros administrativos classificados por ele como “gravíssimos”. “Os erros dele estão expostos, todo mundo está vendo. Olha o caos que Paulínia se encontra. Os atos dele são gravíssimos. Não dá, eu não posso compartilhar disso”.
Como exemplo, ele afirmou que não houve auditoria dos contratos que já estavam em vigor antes de sua posse.
Outra questão apontada por Ricatto é a individualidade de Dixon. “Ele não escuta ninguém. Todas as vezes que quis alertá-lo de alguma coisa, ele não me ouviu. Ele não ouve nem o pai dele, imagina eu”. O pai do atual prefeito de Paulínia é o ex-prefeito Benedito Dias de Carvalho, que esteve à frente do Executivo paulinense entre os anos de 1986 e 1988. “Acreditei que ele seria melhor prefeito que o pai dele por conta da condição financeira que o município oferece hoje. Acreditei que ele seria um excelente prefeito até por conta da formação familiar que ele tem, mas o prefeito está ‘macumbado’ ou com algum problema de cabeça, porque ele não aceita nem os conselhos do próprio pai”, completa.
Lealdade de 11 anos
Ricatto contou que era amigo pessoal e principal articulador das campanhas eleitorais de Dixon. A proximidade entre os dois durava desde 2006. “Em 2008 eu era coordenador operacional de campanha. Em 2012, quando ele passou pela pior fase da sua vida política, que foi a questão da pedofilia, eu fui o único companheiro que ficou ao lado dele trabalhando até o último dia”. No ano passado, ele foi coordenador geral da campanha do prefeito. Ricatto afirmou ter feito todas as articulações políticas que levaram à eleição do pepista.
“Me arrependi. Não posso deixar que a cidade seja penalizada pelo feito que eu fiz, então será desfeito. Na política tem um ditado que se você colocou, você tem que tirar. É isso o que eu vou fazer. Ele não vai calar minha voz, só se me matar. Mas se não, eu estarei trabalhando para reparar o meu erro, que foi ter colocado onde ele está”.
Mais exonerações
No dia seguinte à saída de Ricatto, na terça-feira (30), foi a vez da Secretaria de Recursos Humanos registrar mais uma baixa no governo municipal. A contadora da campanha eleitoral e ex-secretária Fernanda Alves da Silva também pediu exoneração da pasta. Segundo informações, Fernanda decidiu deixar o governo por não concordar, também, com algumas “ordens” que vinham do prefeito. Com ela, seis nomeados por Dixon desde o dia 1º de janeiro já se desligaram da atual administração.
A ex-secretária foi substituída por Pedro José Gonçalves.