
O SetCamp (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas), entidade que representa as concessionárias do transporte urbano de Campinas, recebeu com muita preocupação a informação dada pelo prefeito Jonas Donizette, sobre a suspensão do serviço regular do transporte coletivo.
O setor de transporte coletivo tem cerca de 2,5 mil funcionários, entre motoristas, mecânicos, fiscais, eletricistas, pessoal da limpeza e funções administrativas. Com a queda constante no número de passageiros transportados na última semana, em função do novo coronavírus (Covid-19), as operadoras já estavam preocupadas com o pagamento dos salários e dos benefícios dos trabalhadores, além dos compromissos junto aos fornecedores.
“Durante toda a semana, as empresas sempre rodaram com uma oferta maior de serviço do que a demanda existente. As concessionárias, assim como os demais operadores do serviço de transporte público, sobrevivem das receitas da venda de passes, do QR Code (apenas 1% do volume total) e de um subsídio que é insuficiente para cobrir todas as gratuidades”, explica Paulo Barddal, diretor de Comunicação do SetCamp.
E como o transporte público municipal, pela Constituição Brasileira, é de responsabilidade dos municípios, o SetCamp espera por uma decisão imediata por parte da Prefeitura de Campinas. “Precisamos desse posicionamento urgente porque as concessionárias precisam tomar as medidas necessárias junto aos seus funcionários, fornecedores e clientes. Com a queda da demanda, a receita caiu brutalmente”, enfatiza Barddal.
Números da semana
O SetCamp elaborou, com base em relatórios emitidos pela gestora da bilhetagem eletrônica, a Transurc (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas), um comparativo com os números de passageiros transportados na primeira semana da crise.
Na segunda-feira (16), as concessionárias transportaram 352.285 passageiros (inclui as gratuidades, hoje arcadas apenas pelo Sistema InterCamp), ou seja, 18,9% a menos que a quantidade transportada na segunda anterior, dia 9, quando o número foi de 434.571 passageiros. No dia seguinte, na terça-feira, dia 17, a queda se acentuou e chegou a 28,8%, em comparação com último dia 10. Caiu de 439.085 para 312.743 passageiros transportados.
Na quarta-feira, o volume despencou 33,3%, ou seja, caiu de 436.109 para 290.983 passageiros transportados. Na quinta, dia 19, foram levados 258.099 passageiros contra 428.143 passageiros no mesmo dia da semana anterior, ou seja, houve uma perda de 39,7%.
Na sexta-feira (20), o volume de perda chegou a 47,3% pois foram transportados somente 216.620 passageiros contra 410.835 na sexta da semana anterior. “É importante enfatizar que hoje o transporte público de uma maneira geral é o único que transporta gratuidades como estudantes universitários, escolares, idosos e pessoas portadoras de doenças que as incapacitem ao trabalho. Os demais aplicativos e meios alternativos levam apenas aqueles que conseguem pagar. Em síntese, o transporte público não pode parar porque muitas pessoas dependem dele”, finaliza Barddal.