Entre irregularidades, shopping estava com saídas de emergência trancadas e em caso de urgência, única opção era porta de entrada
A Prefeitura de Paulínia interditou na manhã desta sexta-feira (6) o centro comercial Paulínia Shopping. Desde 2010 a concessionária que administra o local, Pró-Shopping, já havia recebido notificações, além de denúncias do Ministério Público de Paulínia (MP) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas ignorou todos os avisos e até o momento da lacração não havia realizado as adequações solicitadas pelo Corpo de Bombeiros. O local apresenta falta de segurança aos frequentadores, funcionários e lojistas já que todas as saídas de emergência estão bloqueadas com correntes e cadeados, não há alvará de funcionamento, auto de vistoria e não existem extintores nos locais adequados. Uma vistoria do Corpo de Bombeiros também identificou que o layout do prédio foi alterado sem autorização, ficando diferente do entregue à empresa em 2007, quando o Shopping foi inaugurado. O secretário de Negócios Jurídicos, Arthur Augusto Campos Freire, disse durante uma reunião realizada com os comerciantes que Prefeitura já havia se reunido com representantes da Pró-Shopping duas vezes antes da interdição, e que eles estão cientes da gravidade do problema. “A Concessionária que administra o Shopping já estava sendo notificada desde 2010. A administração passada foi negligente em não tomar uma atitude, porque ela é também co-responsável no caso de um possível acidente, já que o prédio é público. Então, já que a Pró-shopping não cumpriu com sua responsabilidade de fazer as adequações, a interdição já deveria ter acontecido lá trás”, disse. De acordo com Freire, as irregularidades encontradas no local variam desde vazamento de água, que deveria abastecer hidrantes e chuveiros automáticos, até alarme de incêndio sem funcionamento e escadas bloqueadas por paredes e tapumes. Outro ponto irregular no prédio estão vazamento da caixa d’água, que abastece o shopping e também é reserva no caso de incêndios, problemas na bomba pressurizada. O sistema hidráulico dentro do prédio também tem falhas. Em um dos corredores, um dos canos está com vazamento e a água represada fica ao lado de caixas de energia elétrica de 380 volts, sem qualquer proteção, o que representa risco de choques. “Foi por sorte que não aconteceu uma tragédia aqui”, afirma o secretário de Defesa Civil, Paulo Mota. Ainda de acordo com informações da administração municipal, um agravante da situação foi um incêndio no dia 28 de agosto no restaurante do complexo, que está desativado e foi incendiado por vândalos durante a madrugada. Parte do mobiliário ficou destruída. O Paulínia Shopping foi inaugurado em julho de 2007. Além das lojas, o centro de compras tem praça de alimentação e lazer e duas salas de cinema. A rodoviária, que funciona ao lado, não será lacrada por não apresentar falta de segurança.
Reabertura depende da Pró-Shopping
Ainda segundo Freire, a rapidez na liberação do centro comercial depende da concessionária. “Uma alternativa pra tentar agilizar o processo de reabertura é a Pró-Shopping abrir mão de administrar o local, romper o contrato e autorizar a Prefeitura a tomar conta provisoriamente até que uma nova empresa seja contratada. Aí sim o poder público pode entrar no prédio e fazer as adequações para conseguir o alvará. O responsável pela empresa ficou de nos dar um retorno neste final de semana. Sem esse acordo, só a justiça poderá decidir. Não há como prever uma data”, ressaltou. Logo após a interdição, o secretário de Negócios Jurídicos e de Defesa Civil, além do secretário de Industria e Comércio, Wilson Machado, o de Saúde, Renato Cardoso e o de Negócios da Receita, Sanzio Rodrigues, realizaram uma reunião com os lojistas, que organizaram uma comissão formada por dez pessoas que irá acompanhar todo o andamento do processo. “Pelo que nos foi passado, o problema é o prédio e não as lojas. Nós temos alvará e estamos dentro da lei, mas não adianta lamentar, temos que nos unir para que esse processo demore o menor tempo possível”, disse uma comerciante. De acordo com o representante da Pró-Shopping, Domingos Almeida, a concessionária se posicionará em breve.