Funcionários da Sancetur estão sendo prejudicados por cobrança indevida na folha de pagamento e falta de recolhimento do INSS e FGTS
O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região, Izael Soares de Almeida, tem enfrentado uma batalha para garantir o direito dos trabalhadores da categoria. Com forte atuação em Paulínia, o sindicalista reivindica justiça aos trabalhadores que, segundo ele, têm sido prejudicados pelas empresas Sancetur e Passaredo, que prestam serviço no município, e a SOU, empresa que mantém operações de transporte urbano em Indaiatuba, Valinhos, Americana e Atibaia. A Sancetur, que faz o transporte escolar em Paulínia, Rio Claro, Indaiatuba e Americana, e a SOU são de propriedade do empresário Marcos Antonio Abi Chedid, que no início do mês agrediu fisicamente o vice-presidente do sindicato e o ameaçou de morte.
Segundo Almeida, a Sancetur e a SOU não pagam FGTS e INSS dos funcionários há mais de dois anos. Além dessa cobrança, os trabalhadores decidiram, em assembleia, a manutenção das negociações de interesse da categoria, bem como o fim das perseguições por parte do dono da empresa, que obriga os funcionários a aceitarem que outro grupo de sindicalistas de Campinas negocie em Paulínia.
De acordo com ele, o medo dos trabalhadores é perder direitos adquiridos bem como é visível o conluio desses dirigentes com o empresário que, juntos, tiraram vários direitos em Valinhos e Indaiatuba, além de descontos de taxas abusivas dos seus salários.
Denúncia no MP
O sindicalista também fez uma denúncia no Ministério Público do Trabalho contra a Sancetur por conta do desconto sindical efetuado na folha de pagamento dos trabalhadores no valor de R$ 90,00, de forma ilegal.
Almeida relatou ainda que o MP já recebeu diversas denúncias contra a Sancetur por conta de atraso nos pagamentos e vales, não entrega do vale-refeição na data correta, além de rebaixamento do piso salarial da categoria, a não entrega de uniformes e carros sem identificação correta e com manutenção precária no transporte escolar, além de utilizar número de ônibus inferior aos estipulados em contratos pelas Prefeituras desses municípios” A falta de manutenção adequada nos ônibus coloca em risco iminente os alunos transportados”, denuncia o sindicalista.
Boletim de Ocorrência
Logo após a agressão sofrida no pátio da Sancetur em Paulínia, Izael Almeida fez um Boletim do Ocorrência contra Marcos Chedid. No mesmo dia, a subsede do sindicato em Paulínia foi invadida na calada da noite, teve portas e cadeados arrombados e bens materiais subtraídos, inclusive carteiras profissionais e fichas de associados.
Almeida alegou ainda ser portador de deficiência física em um dos braços, não podendo se defender plenamente do agressor. “Como os fatos evidenciam há um claro conluio de Chedid com uma “banda podre” do sindicato, fiz as denúncias ao Ministério Público do Trabalho, pois a origem do conluio reside num ilegal desconto de uma taxa de contribuição sindical de 4%, resultando em descontos superiores a R$ 90,00 reais por trabalhador”, afirmou.
Nova sede
No dia da agressão contra o sindicalista, Marcos Chedid ordenou que o presidente do sindicato, Matusalém de Lima, fechasse a subsede em Paulínia, pagando R$ 15 mil à imobiliária para que desfizesse o contrato de aluguel, e desautorizasse o sindicalista Almeida a negociar nas empresas.
Entretanto, em contato com os trabalhadores, Almeida e um grupo de sindicalistas resolveram reabrir a subsede como demonstração de que “a luta dos trabalhadores irá continuar e que, apesar das truculências dos empresários mancomunados com sindicalistas corruptos, as atividades do sindicato em Paulínia serão intensificadas”. A reinauguração acontecerá hoje.
Motoristas da Passaredo fazem paralisação
Na tarde de ontem (26), motoristas da empresa Passaredo fizeram uma paralisação que durou cerca de uma hora. A reivindicação é contra a extinção dos cobradores de ônibus. Além disso, os trabalhadores, junto com o vice-presidente do sindicato Izael de Almeida, irão exigir da Prefeitura de Paulínia a manutenção do acordo coletivo atual e de todos os direitos adquiridos e benefícios sejam mantidos pela empresa vencedora da licitação do transporte público urbano.
SOU Indaiatuba também não recolhe o FGTS e INSS
Vários funcionários e ex-funcionários da Sancetur/SOU Indaiatuba denunciaram a falta de recolhimento do FGTS e INSS, além de constantes atrasos no pagamento e vales. Segundo o vice-presidente do Sindicato, Izael Soares de Almeida, desde o início da operação da SOU em Indaiatuba, em fevereiro de 2018, apenas alguns depósitos dos impostos foram realizados e, em alguns casos, somente o de setembro. Onze funcionários demitidos no início deste ano, ficaram impossibilitados de realizar a homologação e, com isso, não puderam acionar o seguro- desemprego. “Tem pessoa querendo utilizar o FGTS para financiamento imobiliário e não está conseguindo por falta do depósito de recolhimento”, afirmou.
No caso do INSS é ainda mais grave, pois a parte que é descontada dos funcionários está sendo sonegada pela empresa, que acaba se apropriando indevidamente dos valores. “Quem, está para se aposentar, sofre com todas estas questões”, disse.
A empresa já assinou três contratos emergenciais com a Prefeitura de Indaiatuba e uma licitação está em andamento com previsão agora para abertura em 23 de maio, com o novo adiamento, pois estava marcada para o dia 2 de maio. O sindicalista também cobra o porquê da administração municipal não fiscalizar a empresa referente aos depósitos do INSS e FGTS, já que a empresa agora vem recebendo dinheiro público para subsidiar as operações. Alguns trabalhadores já ingressaram com reclamação no Ministério do Trabalho.
O que a Sancetur não cumpre?
- Não recolhe FGTS
- Não recolhe INSS
- Atraso nos pagamentos e vales
- Cobrança indevida de imposto sindical
- Não entrega o vale refeição na data correta
- Rebaixamento do piso salarial da categoria
- Não entrega uniformes
- Muitos carros sem identificação no transporte escolar
- Número de ônibus na frota inferior ao cobrado da Prefeitura Municipal
- Falta de manutenção adequada nos ônibus, colocando em risco os alunos transportados