Quinta feira da semana passada fui surpreendido por dois adolescentes que me abordaram assim que cheguei em uma das unidades do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O motivo? Queriam uma reunião comigo. Atendi prontamente e levei os dois para a sala de reuniões. Ao entrar na sala, ainda com um pouco de vergonha, começaram a explicar que eles eram os representantes de uma das turmas atendidas por nós. Entre as pautas estavam mudanças que queriam para as refeições, algumas opções que não tinham chegado até a turma deles, strogonoff com mais frequência e uma última exigência que me pegou de jeito:
– Queremos mais excursões culturais. Queremos ter acesso a museu, exposições, teatro, a gente quer conhecer esses espaços.
Isso me pegou.
Temos como planejamento do SCFV fazer passeios com as crianças e adolescentes. Teremos sim passeios culturais com eles.
O que me orgulhou foi o fato de se sentirem a vontade para fazerem pedidos e até exigências para um serviço que é deles por direito.
Quais são os espaços onde ouvimos as vontades, gostos e desejos de nossos adolescentes? O que será que eles tem pra nos falar? O que mudariam?
O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos é um espaço seguro para eles. Um espaço de respeito, de escuta e de trocas. Incentivamos a autonomia, a reivindicação por direitos e a participação em algumas decisões que são tomadas ali.
Fica aqui a provocação para mim e para todos que são presentes na vida de crianças e adolescentes: quando vamos ouvi-los com a atenção que merecem?
Como esse texto toca você?
André Luís de Oliveira
Pai da Giulia, Coordenador do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no Paulínia Racing e Conselheiro do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
@profandreoliveira