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Coluna do Sami – Bora pros desafios

Por Sami Goldstein

Bem-vindos a 2022. O Brasil foi à praia no final do ano passado para festejar, esquecendo máscaras e se aglomerando. Esqueceu que, inclusive, há exatamente um ano, acompanhávamos o colapso da saúde no Amazonas com pacientes agonizando por falta de oxigênio. Então, após os fogos, o brasileiro festeiro subiu a serra de volta para novos 365 dias com um déjà vu: prontos-socorros lotados com filas de espera homéricas. Antes tínhamos só Covid-19; agora temos surto de gripe. A combinação de ambos criou um novo nome que passa a fazer parte do cotidiano: a flurona. Uma médica de 49 anos, moradora de Botucatu (SP), foi diagnosticada como tendo sido infectada por três vírus respiratórios ao mesmo tempo. Com isso, a ginecologista precisou ser isolada por estar com Covid-19, influenza e resfriado. Para os pessimistas, uma nova onda; para os otimistas, sinais de que a pandemia está virando uma endemia e que, em breve, poderemos ter nossas vidas, de certo modo, normalizadas. Para os realistas, a pergunta: quem tem razão? Só o tempo dirá. Enquanto isso, os desafios não param. O primeiro deles é fazer o brasileiro entender que, se não fizer sua parte, não sairá deste loop infernal. A ignorância do início da pandemia só fez ganhar força. O negacionismo crônico ganha uma perigosa catapulta de impulsão neste ano que é eleitoral. Discursos vazios que preenchem cabeças igualmente ocas imperam. E a bola de neve vai crescendo com problemas cada vez maiores.

Segundo a consultoria IDados, até o segundo trimestre de 2021, 30% dos jovens da faixa etária de até 29 anos faziam parte do grupo de pessoas que nem estudam nem trabalham. São os chamados “nem-nem”. Isso significa 12,3 milhões de pessoas, cifra que supera a população da Bélgica. O número de nem-nem teve um salto durante a pandemia, em 2020. Em 2021, os números recuaram um pouco, mas continuam acima do nível pré-covid 19. São quase 800 mil pessoas a mais ante o primeiro semestre de 2019 — quando o grupo representava 27,9% dos jovens até 29 anos. O problema é que desde 2012 o número está em crescimento. Naquela época, os nem-nem eram 25% da faixa etária (ou 10 milhões). Segundo a pesquisadora responsável pelo levantamento publicado no jornal O Estado de São Paulo, Ana Tereza Pires, “isso representa uma ineficiência enorme para o Estado, já que muitas dessas pessoas tiveram um investimento público por trás”. A cada ano, diz ela, novos estudantes se formam e não conseguem ser absorvidos no mercado, o que cria um bolsão de nem-nem.

Se for verdade que “os jovens são o futuro da nação”, torna-se imprescindível que todas as esferas governamentais lancem mão de programas de capacitação e qualificação profissional. O foco no empreendedorismo deve ser um objetivo primário. Empresas e centros acadêmicos devem ser parceiros do poder público na construção de um planejamento sólido e efetivo. Aliado a isso, precisamos de estratégias de fomento à educação financeira para coibir o crescimento de legiões de superendividados. Se não criarmos condições para o desenvolvimento econômico, estaremos alimentando um parasitismo social sem fim. Claro, precisamos também da pró-atividade dessa juventude de buscar seu progresso pessoal. Esse desafio é hercúleo, uma verdadeira batalha contra uma feroz pandemia cuja vacina está bem mais distante que as atuais. Faltam oportunidades ou faltam pessoas que se deem oportunidades?

Começou o ano. Bora pros desafios!

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