O discurso de mudança enfatizado pelo pré-candidato a prefeito do PPS, Tuta Bosco, já começa a dar sinais de fragilidade. Numa reunião com filiados e simpatizantes do DEM e do PROS de Paulínia, o empresário do ramo de petróleo convidou o vereador de cindo mandatos, Marcos Roberto de Bernarde, o Marquinho da Bola (agora do DEM), a ser seu pré-candidato a vice. E ele, apesar de estar próximo de completar 20 anos ininterruptos ocupando o cargo de vereador, fez o mesmo discurso de Bosco pela ‘mudança’.
A aliança entre Tuta e Marquinho foi endossada pelo presidente do DEM, Edison Silveira Camargo, o Edinho e pelo tio e conselheiro do grupo político do vereador Marquinho, Roberto de Bernarde, o Careca. “Eu confesso pra vocês, que em qualquer disputa, eu estou dentro e sou chato”, disse Careca, que após o convite a vice de Tuta, fez questão de mostrar seu peso nas decisões do sobrinho e ressaltar a importância de manter os interesses do grupo: “O convite do Tuta é muito importante. Se entra um candidato que não gosta de futebol, ele acaba com o futebol. Precisamos ver o que é melhor para nós”.
Líder do Democratas, Edinho reforça o discurso de mudança, mesmo apontando a sexta campanha de Marquinho da Bola a cargo público. “Aceitei o convite do Tuta por uma renovação, uma mudança. Estou feliz que o Marquinho tenha aceitado esse desafio com a gente. Ele está com moral por encher essa reunião numa sexta-feira à noite e com esse frio, mas, precisamos sair nas ruas e pedir voto pra ele, [se quiser] ser vereador novamente”, disse.
Em seu discurso, Marquinho da Bola fez questão de apresentar Tuta como seu pré-candidato a prefeito e aceitar o convite de ser vice. “Sempre colaborei com as administrações passadas e a que está passando. Muitos anos se passaram e infelizmente muitas coisas não aconteceram e precisam acontecer na nossa cidade”, disse ele, que é vereador desde 1997, foi presidente da Câmara e fez parte das administrações e dos grupos políticos tanto do atual prefeito José Pavan Junior quanto de Edson Moura e Edson Moura Junior (ambos do PMDB).
Marquinho da Bola tem carreira política marcada por mudança de partidos (PMN, PTB, PSB, DEM)
O vereador Marcos Roberto de Bernarde, hoje do DEM, assumiu como vereador em 1997, substituindo o saudoso Ângelo Corassa. Sua primeira eleição direta foi em 2000, pelo PTB, partido que trocou pelo PMN nas eleições de 2004. De volta ao PTB em 2008, foi reeleito e assumiu a presidência da Câmara entre 2011 e 2012, mas, dez dias antes da eleição, teve de abandonar o mandato por ter sido julgado e condenado por infidelidade partidária, pois, mais uma vez, havia abandonado o PTB, dessa vez, em troca do PSB, à época, partido do atual prefeito José Pavan Junior, que disputava a reeleição.
Na eleição seguinte, em 2012, apesar de eleito, perdeu quase 400 votos nas urnas. Com as decisões TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que favoreceram Pavan e Moura Junior nos primeiros dois anos do atual mandato, fez parte dos dois grupos durante o revezamento de prefeitos, fixando-se ao grupo de Pavan somente após a decisão da justiça eleitoral de o manter no cargo máximo da política paulinense.
No grupo do prefeito Pavan, Marquinho da Bola permaneceu até março deste ano. Neste período, fez discurso e concedeu entrevista a outro jornal local dizendo que Pavan estava “colocando a casa em ordem” e se colocou à disposição para ser seu vice numa possível campanha à Prefeitura. Agora, com Tuta, Marquinho prega a renovação e se coloca como candidato a vice-prefeito da chapa, sem descartar a possibilidade de ser candidato a um sexto mandato como vereador.
Em discurso político, Tuta “fala mais do mesmo”
Sem apontar soluções, Tuta Bosco só faz críticas a Paulínia
Antes de começar seu discurso para o grupo do DEM e do vereador Marquinho da Bola, o empresário Tuta Bosco, que apesar de citado no meio político, não é conhecido como figura pública em Paulínia, fez questão de apresentar a carreira de sorveteiro a empresário do ramo petroleiro.
“Eu não vivo de política, mas, sou movido a desafios”, disse ele, antes de dizer que representa a mudança para Paulínia por considerar a cidade abandonada. “Agora estão maquiando as creches e escolas para enganar vocês”, comentou, fazendo menção às reformas e ampliações feitas em quase todas as unidades escolares de Paulínia pelo prefeito José Pavan Junior em apenas 14 meses ininterruptos de governo.
A partir daí, Bosco fez o típico discurso de oposição à gestão pública, citando questões nas áreas de saúde, educação, moradia, transporte, emprego e segurança. Falou mais do mesmo ao citar que arrecadação de Paulínia faz dela uma cidade bilionária e que há cinco anos contrata pesquisas para conhecer a opinião pública.
Ao comentar do que a população paulinense sente falta, citou, inclusive, ações do governo de José Pavan, pai do atual prefeito. “Saúde é questão nacional, mas as pessoas têm saudade de quando a Unicamp tomava conta da saúde de Paulínia. As pessoas têm saudade do Projeto Sol, que abrigava nossas crianças após a escola. Então, eu comecei a fazer um planejamento e a reunir um grupo político. Visitei cidades com os melhores projetos de educação, esportes e segurança, como Novo Horizonte, São Caetano do Sul e Indaiatuba”, disse.
Segundo Bosco, Paulínia enfrenta problemas também com alto índice de drogas, com falta de atividades para os idosos, mulheres e desemprego. “Não é fácil conseguir o primeiro emprego nem depois dos 45 anos e 30% da população está desempregada. Numa cidade com o tanto de empresa que tem Paulínia, não dá, temos de qualificar a população para atender a demanda”, comentou.
Quando falou de moradia, apesar de Pavan entregar quase 700 casas, Bosco disse que na cidade, ao invés de ‘Minha Casa, Minha Vida’, existe o ‘minha casa, meu amigo’. “A população quer mudança, quer dar oportunidade a outro grupo político. O esporte está jogado, as praças estão sem iluminação, não tem lazer de final de semana”, enfatizou ele, dizendo que o bosquinho está fechado, sem citar o projeto de reforma.
A seguir, Bosco criticou toda a estrutura pública de atendimento de Paulínia, sem citar que a cidade tem o terceiro maior projeto de distribuição de renda no Brasil, perdendo apenas para os governos federal e do Estado de São Paulo. “O que foi feito, já foi feito. Mas, agora temos de olhar para frente. Eu vejo a Prefeitura como uma prestadora de serviços de excelência para a população. Mas, não adianta ter 5,5 mil funcionários sem estrutura. Paulínia tem muito dinheiro, mas, falta remédio, exames demoram até seis meses, se alguém passa mal no João Aranha em horário de pico, não consegue chegar ao Hospital. Cadê a ponte? A saúde tem 300 mil pastas, mas a cidade só tem 100 mil habitantes. Falta fiscalização e vontade política. A cidade pode cuidar das crianças desde a creche a bolsas de estudo até a universidade. Dá pra fazer, mas, não sozinho”.
Sobre cultura, Bosco criticou o investimento no cinema e disse que numa possível gestão, pretende promover shows de dança e música nos bairros. “A população quer iluminação nas praças, show sertanejo, de pagode, hip hop nos finais de semana. Quero que cada bairro tenha um centro comunitário para participar da administração. Separar um dia da semana para prestar conta e discutir soluções”.
:: CONTRADIÇÃO
Para encerrar, Bosco agradeceu a acolhida dos partidos e contradizendo seu discurso de mudança, convidou o vereador com quase 20 anos de mandato para ser seu pré-candidato a vice. “Todo prefeito precisa de vice e ele vai ser escolhido em pesquisa mais pra frente, mas, peço licença e convido o Marquinho da Bola a ser meu pré-candidato. Ele tem plenas condições nesse grupo. Vamos divulgar porque a pesquisa vai passar”, comentou. “Já está aceito”, respondeu Marquinho de prontidão.
Ao encerrar, Careca tomou a palavra e colocou Marquinho da Bola à disposição da proposta de mudança de Tuta Bosco. “O convite do Tuta é muito importante. Se entra um candidato que não gosta de futebol, ele acaba com o futebol. Precisamos ver o que é melhor para nós”.
Marqueteiro de Tuta dá bronca em membros de grupo por falta de apoio
O marqueteiro do pré-candidato Tuta Bosco (PPS), Eduardo, nesta semana se mostrou desanimado num grupo do WhatsApp que conta com a participação dos apoiadores do empresário.
Conforme imagem acompanhando este texto, Eduardo, após pedir para que alguém postasse um texto nas redes sociais e ter seu pedido não atendido, ele escreveu: “É, infelizmente ninguém no grupo se propôs a fazer a assumir a solicitada. Seria importante e por isso foi solicitado pelo planejamento da campanha. Bom, paciência… pelo (menos) sabemos com quem não dá pra contar nas estratégias pela internet”.