O Theatro Municipal de Paulínia está recebendo XX Encontro Nacional de Educadores de Paulínia (ENEP), mais uma realização da Secretaria de Educação sob o tema: “Do Currículo Participativo ao Plano Municipal de Educação para a formação do ser social”, assunto pertinente já que a Secretaria trabalha a elaboração do currículo nas escolas. O encontro iniciou na segunda-feira, dia 26, e se estenderá até o dia 28 de julho.
A abertura oficial contou com a presença de mais de mil profissionais da Educação, e de várias autoridades que fizeram seus pronunciamentos. A Secretária da Educação, Maria Estela Sigrist Betini, deu boas vindas aos presentes, e fez um breve comentário sobre a missão de educar e alertou sobre a conscientização da responsabilidade que cada professor carrega, e afirmou: “nós temos que espelhar quem é o ser que queremos formar”, ressaltou a Profª Maria Estela.
O Prof. Mario Antonio Furlan (Maroca) enquanto vereador, foi o autor da Lei que incluiu o ENEP no calendário oficial do Município, falou da importância do encontro, e o que ele representa ao longo desses 20 anos.
Já o Prefeito Municipal, José Pavan Júnior, discursou sobre o objetivo de resgatar o ensino público de qualidade no Município, e parabenizou os profissionais com muito carinho pelo excelente trabalho apresentado e pela alta pontuação atingida pelas escolas municipais no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Citou a importância do currículo que está sendo elaborado tanto para o Ensino Regular quanto para a Educação para Jovens e Adultos (EJA), facilitando a condução e o aprendizado. “A educação é uma das prioridades no meu governo, quero que os alunos que estudam em escola pública tenham o conhecimento nivelado com os que estudam em escola particular. Temos investido e vamos continuar investindo para alcançar nosso objetivo”, concluiu José Pavan Júnior.
A palestra de abertura ficou a cargo do doutor em Educação, professor e pesquisador de História em Educação na Unicamp Sergio Castanho, que palestrou sobre: “Os currículos na Educação Brasileira e sua importância na história”. O professor começou explicando o significado da palavra currículo. Originária do latim significa curso e corrida. Ambas as palavras dão idéia de seqüência, de movimento em direção a um ponto de chegada, definiu ainda o currículo como um conjunto de conhecimentos e habilidades a serem desenvolvidas pela escola em determinada fase ou determinado curso. Citou que na criação das primeiras escolas na educação jesuíta, foi aplicado o currículo. A matriz curricular básica compunha-se do ensino da doutrina cristã e dos bons costumes (em contraposição aos costumes “bárbaros”, da nudez, da poligamia, antropofagia e pajelança), e das primeiras letras voltadas para a língua portuguesa.
Depois veio a reforma educacional do Marques de Pombal como uma estratégia que se apresentou necessária, não só pela lacuna deixada pelo sistema jesuítico de ensino, mas também como tentativa de modernização da sociedade em prol do desenvolvimento da economia portuguesa, para manutenção e fortalecimento do seu regime absolutista, criando o Currículo Pombalino.
Em 1827, estabelecia-se o currículo na Educação Imperial com a Lei Geral do Ensino, que trazia na matriz curricular que os professores ensinavam a ler, escrever, as quatro operações de aritmética e noções gerais de geometria. As meninas estavam excluídas das aulas de geometria que eram substituídas por prendas domésticas.
Em 1854, houve a reforma de Couto Ferraz, tornando obrigatório o Ensino Primário, vedou o acesso de escravos ao ensino público e criou classes especiais para adultos.
A reforma de Leôncio Carvalho recuou, tirou a obrigatoriedade do ensino.
A primeira república apresentou poucas alterações em relação ao ensino imperial.
Em 1892, excluía-se a doutrina cristã do currículo da Escola Primária Paulista, dado ao caráter laico republicano.
A era Vargas tinha por finalidade a formação do homem para todos os grandes setores da vida nacional, mantendo o currículo tradicional, deixando para o ensino profissional a formação utilitária. Em 1942 a estrutura do ensino secundário foi divido em ciclos, sendo o 1º ciclo o curso ginasial e o 2º curso colegial. Após 1945, pouca mudança houve no currículo, o ensino médio passou a ser de 7 anos, composto por ginásio (4 anos), e colegial (3 anos).
A educação como Direito Social foi declarada pela primeira vez na Constituição Federal de 1988, priorizando a educação, determinou que o ensino fundamental seja obrigatório e gratuito.
O professor Sergio Castanho finalizou comentando os reflexos da Constituição de 1988 nos dias atuais, e a necessidade da aplicação do currículo escolar.
Até o dia 28 de julho, os profissionais da Educação poderão participar de palestras e debates no período da manhã, tarde e noite, com o objetivo de renovar os conhecimentos daqueles que se dedicam à arte de educar.