A nova planta, única na América Latina e uma das 50 em operação no mundo, tem capacidade para processar mil toneladas de lixo por dia
A Estre Ambiental, iniciou, em Paulínia, a operação a primeira fábrica capaz de produzir combustível a partir dos resíduos sólidos do lixo urbano (CDR) para utilização no processo produtivo (caldeiras e fornos) das empresas dos mais diversos segmentos. A nova planta, única na América Latina e uma das 50 em operação no mundo, têm capacidade para processar mil toneladas de lixo por dia o que representa a geração de 500 toneladas/dia de combustível derivado de resíduos (CDR). Pelo seu alto teor calorífico e poder energético estabilizado, o CDR é considerado muito eficiente para alimentar as caldeiras e os fornos industriais hoje abastecidos com combustíveis fósseis ou naturais, como o carvão mineral (coque) e o carvão vegetal (produzido a partir da extração de madeira). “Essa é uma excelente solução tecnológica para as empresas interessadas em migrar os seus processos produtivos para sistemas sustentáveis, ou melhorar ou ampliar seus projetos ambientais”, destaca Elio Bergemann , presidente da Estre Ambiental. Outra vantagem da fábrica de CRD é a redução em 60% do volume de resíduos destinados ao armazenamento nos aterros sanitários, ampliando a sua vida útil. “Além da separação de materiais nobres para a reciclagem, que hoje ocupam grande espaço nos aterros, o produto destinado à disposição final é mais limpo e com baixo teor de umidade, o que reduz a produção de chorume, líquido originado da decomposição dos resíduos orgânicos. Com menor volume de chorume teremos maior eficiência na geração de biogás, que também pode ser utilizado para a produção de energia elétrica”, explica o engenheiro responsável pela coordenação do projeto, Jacques Mari. Sobre a fábrica de CDR A Estre Ambiental escolheu de Paulínia para a instalação da nova planta por já possuir o seu maior centro de gerenciamento de resíduos. A operação começa com a destinação sustentável dos resíduos da coleta urbana e industriais não perigosos gerados em 22 cidades e por mais de 1.000 empresas da região metropolitana de Campinas e, hoje, depositados no aterro sanitário de Paulínia. O principal equipamento da fábrica de CDR da Estre Ambiental foi importado da Finlândia e batizado com o sugestivo nome de Tiranossauro, assim chamado por triturar os resíduos sólidos até que eles se transformem em pequenos pedaços de 60 mm . Segundo o engenheiro Jacques Mari, são três linhas de separação de resíduos. A primeira retira resíduos orgânicos que representam, em média, 40% do volume total destinado hoje ao aterro sanitário. A segunda linha seleciona os resíduos com possibilidades de reciclagem, como vidro, cerâmica, materiais ferrosos e não ferrosos. Para a terceira linha restam apenas os materiais de alto poder calorífico, como a madeira, papel e papelão, entre outros, onde são tratados e preparados para a sua utilização como combustível alternativo em caldeiras ou fornos de indústrias de cimento, metalúrgicas, olarias, usinas termoelétricas etc. Entre equipamentos, terrenos e obras foram investidos cerca de R$ 50 milhões no projeto que coloca o Brasil no seleto grupo de países capacitados a transformar, em escala industrial, o lixo em produtos sustentáveis.