
Muito se fala em empregabilidade e poucos se dão conta do que realmente o termo engloba. O conceito é bem amplo e, diferentemente de seu habitual uso (normalmente mau uso) político, tem uma história distinta por trás. Ramos de Oliveira, Professor, doutor em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em seu artigo “Empregabilidade” para site da Fiocruz, diz que “para Nassin Mehedeff, ex-secretário de formação e desenvolvimento profissional do Ministério do Trabalho, durante a gestão Fernando Henrique Cardoso, período no qual foi desencadeada, talvez, a maior ação pública brasileira de qualificação profissional, o conceito de ‘empregabilidade’ foi lançado por especialistas em outplacement (Mehdeff, 1996). Esta palavra de origem inglesa representa um serviço prestado por especialistas em recursos humanos às empresas, objetivando melhor encaminhar o processo de dispensas de profissionais de nível superior, ou seja, aqueles que ocupavam cargos executivos. Contudo, também passou a contribuir no assessoramento desses profissionais demitidos de forma a facilitar a sua recolocação em outros locais de trabalho. Embora esse conceito tenha como origem os profissionais de maior nível de qualificação, passou a ser largamente utilizado ao se fazer referências às parcelas da população com menor nível de escolarização e com menor poder de disputa por uma vaga no mercado de trabalho. No sentido mais comum, ‘empregabilidade’ tem sido compreendida como a capacidade de o indivíduo manter-se ou reinserir-se no mercado de trabalho, denotando a necessidade de o mesmo agrupar um conjunto de ingredientes que o torne capaz de competir com todos aqueles que disputam e lutam por um emprego.”
A empregabilidade é, portanto, caracterizada pela busca constante do aprimoramento das habilidades profissionais de um indivíduo, com o objetivo de se tornar apto a atender as demandas do mercado de trabalho. Especialistas em Recursos Humanos denotam que, para tanto, o profissional deve sempre estar disposto a se adaptar às mudanças do mercado, manter-se atualizado sobre as tendências do segmento em que atua, conhecer novas tecnologias, capacitar-se e aprimorar suas habilidades e competências. Todos convergem para o mesmo foco: capacitação! Dentre todos os pilares que compõem a empregabilidade, qualificação profissional é, sem dúvida, o projeto mais importante. Sem isso, não há que se discutir por quaisquer outros direitos. Falamos de um mundo corporativo extremamente competitivo em que não basta desejar uma vaga. É preciso competir por ela contra um exército. E é este o retrato do Brasil em que sobram vagas em postos de trabalho que nunca são preenchidos enquanto legiões de desempregados se amontoam à espera de uma oportunidade. Vemos isso claramente nas cadeiras vazias em cursos de qualificação, muitas vezes gratuitos e até mesmo virtuais. Empregabilidade é o desafio de quebrar essa cultura da falta de qualificação. Empregabilidade é criar políticas públicas de fomento à capacitação. Empregabilidade é fazer o cidadão caminhar com as próprias pernas em vez de (somente) esperar do poder público. Empregabilidade é querer crescer e dar condições para o crescimento.