A negociação entre os trabalhadores do transporte escolar de Paulínia e a empresa Sancetur, pelo reajuste da categoria, deve ficar ainda mais difícil nos próximos dias. Isso por que após a reunião ocorrida no Paço Municipal entre uma comissão de funcionários da empresa e o prefeito, no dia 24 de junho, intermediada pelo vice-presidente do sindicato Izael Soares de Almeida, que já vem acompanhando os problemas vivenciados pela categoria, o prefeito Loira também se reuniu na última terça-feira, 2 de julho, com representantes do grupo ligado ao presidente do sindicato em Campinas, Matusalém de Lima, e com o advogado que representa a Sancetur, desagradando a comissão de funcionários que tinha iniciado entendimentos com o prefeito pelo reajuste.
Os funcionários da empresa promoveram uma paralisação no dia 19 de junho, reivindicando reajuste salarial de 6%, assim como ocorreu com os motoristas e cobradores da Viação Flama, do grupo Passaredo, no transporte urbano da cidade.
Segundo Almeida, as negociações tem sido tensas porque muitos funcionários tem relatado o fato da Sancetur já ter fechado um acordo para um reajuste menor, de 5%, com a intermediação da equipe do sindicato em Campinas e sem a participação efetiva dos trabalhadores. Os relatos dão conta de que não ocorreram assembleias para discussão desse reajuste.
O vice-presidente do sindicato em Paulínia assegura que não estão descartadas novas paralisações do transporte escolar, após o encontro entre o prefeito, o advogado da Sancetur e o grupo do sindicato que atua em Campinas.
“Fomos supreendidos com a postura do prefeito, que traiu os trabalhadores, pois assumiu o compromisso de resolver o problema entre eles e a empresa. Ficou claro que o proprietário da Sancetur, Marquinho Chedid, tem um certo domínio em relação à prefeitura. E o prefeito marcou essa reunião com a turma de Campinas sem o meu conhecimento, justamente o grupo que a categoria não confia. Foi uma aberração”, declarou Izael Almeida indignado.
Em um vídeo gravado pela equipe do vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários durante a paralisação do dia 19 de junho, na garagem da empresa, o prefeito aparece conversando com os funcionários e ressaltando que “quem trabalha merece respeito e vocês tem o meu respeito”. No entanto, Almeida afirma que a comissão formada no local e os trabalhadores não foram respeitados, já que não foram convidados a participar do encontro ocorrido na última terça-feira.
Ao final do registro, é possível ouvir os trabalhadores que estavam ao redor do prefeito gritarem pela saída do presidente da entidade, Matusalém de Lima, que atua em Campinas.
Procurada para comentar e confirmar a ocorrência da reunião entre o prefeito, o advogado da Sancetur e o grupo do sindicato que atua em Campinas, a assessoria de imprensa da prefeitura não respondeu os questionamentos enviados pela reportagem até o fechamento desta edição.
Funcionários da empresa Sou Valinhos, do grupo Sancetur, também enfrentam problemas
O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região, Izael Soares de Almeida, esteve na rodoviária de Valinhos na última quinta-feira (4 de julho), para conversar com os funcionários do transporte urbano do município.
Ele conta que, pelo que apurou, lá tem ocorrido diversas irregularidades relacionadas às horas extras e ao benefício do vale-refeição. “Pelos relatos, a escala é puxadíssima e só para inglês ver, porque se eles fazem 10 horas, recebem por duas, se fazem 20 horas, recebem por 10 e assim as coisas seguem. É uma revolta total na categoria”, revela.
Almeida ainda acrescenta que, segundo apurou junto aos trabalhadores, o vale-refeição é pago usualmente com dois ou três dias de atraso e que eles não contam com uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), prevista no artigo 163 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Norma Regulamentadora nº 5, aprovada pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego.
Trata-se de uma comissão constituída por representantes indicados pelo empregador e membros indicados pelos trabalhadores, de acordo com a atividade econômica e o número de empregados da empresa.