Para cada avanço tecnológico é esperada outra inovação: a cultural. Essa, sem dúvida, é a mais complexa. Ela envolve medos e vícios, reações típicas ante a novidade. Sempre que falamos em tecnologia, a experiência do usuário é a força motriz. Sem o humano, a máquina – mera ferramenta – não tem serventia. Se o humano não a compreende, sua funcionalidade perde o sentido. E o que mais se perde é o próprio avanço, processo esse que, se bem operado, leva nossa existência a um novo patamar. A inteligência artificial (IA) é uma tecnologia que permite que sistemas simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas. É um passo essencial para as instituições governamentais tornarem seus processos mais céleres e transparentes. Sistemas alimentados por machine learning são capazes de gerar insumos para o Estado conhecer melhor a realidade e as aspirações dos cidadãos.
No serviço público, a IA pode ser utilizada para otimizar o desempenho das tarefas repetitivas, liberando os servidores públicos para pautas mais importantes que exijam criatividade, facilitando a prestação de serviços com mais eficiência e qualidade. Além disso, a IA pode ser utilizada para prever incidentes e identificar fraudes. Um exemplo disso é o Departamento de Bombeiros da cidade de Pittsburgh (Pensilvânia – EUA), que passou a contar com um sistema de Inteligência Artificial voltado para a detecção de incêndios. O programa utiliza um conjunto de dados históricos para calcular a propensão de ocorrer um incêndio em cada edificação da cidade e teve sucesso em prever em torno de 70% dos incidentes. Outro exemplo é o Tribunal de Contas de União (TCU) que desenvolve ferramentas baseadas em Inteligência Artificial para apoiar suas atividades de fiscalização e controle externo. O TCU utiliza suas ferramentas sobretudo nas buscas por fraudes e irregularidades no gasto dos recursos públicos.
Para implementar a utilização da IA no serviço público é importante criar uma cultura de inclusão e capacitação entre os servidores públicos. Além disso, é importante que haja investimento em pesquisa e desenvolvimento na área da IA para que o serviço público possa se beneficiar das últimas inovações tecnológicas. Também é importante estabelecer parcerias com universidades e empresas privadas para fomentar a inovação na área. Como disse o famoso cientista da computação Alan Turing: “Podemos apenas ver um pouco do futuro, mas o suficiente para perceber que há muito a fazer”. A implementação da IA no serviço público é uma oportunidade para inovar e melhorar a prestação de serviços à população. E se você chegou até aqui, já tem a prova disso: foi a Inteligência Artificial quem escreveu boa parte deste texto
Quero aproveitar este espaço para parabenizar o Jornal Tribuna pelos seus 20 anos de história. É um orgulho poder fazer parte dela, desde sempre agradecendo à equipe, em nome do Wilson Machado, pela oportunidade deste canal de comunicação com os leitores. Pra cima, Tribuna!