Documentário sobre a transformação de lixo reciclado em obras de arte foi um dos filmes que encerrou as exibições competitivas da terceira edição do evento
Dirigido por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, o documentário foi ovacionado pelo público e o único filme da programação do evento a ser aplaudido de pé. Filme já premiado nos festivais de Sundance e Berlim, a sessão realizada ontem (21), no Theatro Municipal de Paulínia, foi a primeira no Brasil e contou com a presença de dois catadores de material reciclado presentes no longa, além do artista plástico Vik Muniz.
“Foi um privilégio fazer esse filme, apesar do trabalho que tivemos para fazê-lo, tendo que filmar no lixão”, disse o diretor João Jardim. “Achei que fosse encontrar o pior lá. Mas chegava em casa com muita raiva do mundo por permitir que pessoas tão interessantes estejam trabalhando na lixeira”, desabafou.
“O documentário é sobre reciclagem humana”, afirmou Vik Muniz. De acordo com o artista plástico, a experiência de transformar em arte o material reciclado coletado em um dos maiores depósitos de lixo do mundo, localizado no Rio de Janeiro, marcou sua vida. “Fiz esse projeto porque precisava me convencer da validade daquilo que eu estava fazendo. Precisava dessa prova de que a arte tem o poder de transformação”.
Outro filme que teve sua primeira sessão pública no Brasil durante a última noite competitiva do festival foi o longa “Bróder”, de Jeferson De, também já exibido no Festival de Berlim. O filme conta a história de três amigos de infância (interpretados por Caio Blat, Silvio Guindane e Jonathan Haagensen) que se reencontram no aniversário de um deles, na periferia de Capão Redondo, em São Paulo. “O filme é uma celebração da amizade e fraternidade. É um filme de abraços”, destacou Jeferson De.
Ainda na programação de filmes em competição, foram exibidos os curtas “Dona Tota e o Menino Mágico”, feito em stop-motion, “Ensolação” e “Retrovisor”. Dirigido por Adriana Meirelles, “Dona Tota e o Menino Mágico” foi animado em várias partes pela equipe espalhada no Brasil, França e Inglaterra. “O grande mérito do filme é nossa equipe que apostou no projeto e gostou do roteiro desde o início”, agradeceu Adriana.
Sobre “Ensolarado”, o diretor Ricardo Targino disse que o curta era uma pequena semente de afeto e amor para com o povo brasileiro. “É uma viagem delicada e pausada no sertão de Minas Gerais. Nosso cinema é mais do que um compromisso ético com nosso povo, é um compromisso estético, político e familiar”, filosofou.
A diretora de “Retrovisor”, Eliane Coster, disse que era um prazer apresentar seu filme para uma plateia tão grande quanto a presente no Theatro Municipal de Paulínia. “É um filme tão pequenininho para ser exibido para tanta gente em um teatro tão grande”, comentou. “É uma aventura porque parece que este é o cinema de verdade”, declarou o produtor executivo Rogério Zagallo.
Depois de uma maratona de sete dias, a terceira edição do Paulínia Festival de Cinema se encerra hoje (22) com a exibição fora de competição do aguardado “400 contra 1”, de Caco Souza, que conta a história de nascimento de uma das maiores organizações criminosas do Brasil. Além da exibição do filme, a noite de encerramento apresenta ainda os filmes premiados em várias categorias divididas em longa-metragem e curtas (regional e nacional). Confira programação no site www.culturapaulinia.com.br).