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Moradora reclama de alimentos estragados na cesta básica do PAS

Linguiça Calabresa estragada, lata de sardinha enferrujada e macarrão molhado: cesta do PAS frustra beneficiados


A dona de casa Michele Brigagão de Franco Vieira não teve dúvidas: se aqueles alimentos estivessem em uma prateleira de supermercado, ela jamais compraria. De acordo com ela, as linguiças calabresa estavam com coloração esverdeada e os enlatados enferrujados.
O Jornal Tribuna esteve na casa de Michele e constatou as condições em que chegam as cestas para a população. Beneficiada pelo PAS da Prefeitura de Paulínia, Michele mora de favor na casa da ex-sogra com seus três filhos, os maiores de sete e cinco anos e um bebê de sete meses.  Ela relata que a quantidade de alimentos que recebe não é suficiente para o todo o mês, além de não ter coragem de oferecer os produtos para as crianças. “Eu tenho três filhos pequenos e na cesta vem um total de 600g de leite em pó. Não dá. Esse achocolatado que vem é pura açúcar, eles não conseguem tomar. Olha a linguiça como veio, está verde. Eu não vou dar isso para meus filhos comerem, está estragado! Sem falar nesta lata de sardinha, toda enferrujada. Isso tudo porque a cesta chegou hoje em casa [dia 05/07]”, conta.
A dona de casa também reclama da qualidade dos produtos. As embalagens dos dois quilos de feijão vieram perfuradas e os grãos quebrados. O macarrão, tipo espaguete, estava úmido. “Desse feijão só aproveito metade do pacote, porque olha como ele vem. Esse macarrão então, molhado e todo grudado. Na cesta tem produtos bons, o açúcar, por exemplo, é marca conhecida, mas vem só 2, o macarrão parafuso a gente come, o óleo, o café, o arroz e essas outras coisas eu uso normal”, afirma.
De acordo com Michele, que antes do PAS recebia ajuda do Caco, a diferença entre uma cesta e outra é inquestionável. “Não tem comparação, a cesta que vinha do Caco até sobrava para o outro mês e as coisas que vinham eram de qualidade, eu aproveitava tudo. Não estou falando de marca famosa, que deveria vir produto de marca, não é isso. Mas eles acham que só porque a gente é pobre, porque depende da ajuda deles, é que a gente tem que aceitar isso. Não é um favor que eles fazem pra mim, é meu direito”.
A dona de casa afirma que entrou em contato com a Prefeitura para falar sobre as condições de sua cesta e foi informada de que nada mudaria. “Liguei no PAS e eles falaram que é uma empresa que distribui a cesta e que eles não podem fazer nada, porque eles seguem a determinação de uma nutricionista e é tudo da melhor qualidade. O rapaz ainda me disse que o Caco será fechado pela Justiça”.
Agora com um novo distribuidor, a cesta básica do PAS é feita pela Golden Food – Comércio de Alimentos Ltda, de São Paulo. A caixa já não possui o selo do INMETRO e não há dia fixo para ser entregue na casa dos beneficiados, o que caracteriza outra reclamação da moradora. “Quando era o Caco, eles não entregavam, mas a gente se organizava porque tinha um papel informando as datas e os horários certos. Geralmente eles deixavam dois ou três dias para gente ir buscar. Agora, eles vem entregar, mas se não tem ninguém em casa, eles levam embora e voltam depois de três dias. Se não tiver ninguém de novo, eles levam embora. Então, eles dão a cesta, mas precisamos ficar a disposição deles. Somos pobres, né. Se não quiser passar fome, alguém tem que ficar de plantão para receber coisa estragada”, finalizou.