Vice-prefeito é enfático em dizer, em entrevista, que está sendo vítima de perseguição do prefeito e vereadores
O vice-prefeito de Paulínia Sandro Caprino (PRB) concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal Tribuna para falar sobre a atual situação política da cidade e também sobre a abertura de uma Comissão Processante (CP) que irá investigar uma denúncia contra ele.
A abertura da CP foi aprovada na quinta-feira, 15, durante sessão ordinária, por 11 vereadores. Só não votaram os vereadores Kiko Meschiati (PRB) e Tiguila Paes (PPS), que preferiram se abster, e Manoel Filhos da Fruta (PC do B), que não estava presente.
Segundo Caprino, a acusação não tem nenhum amparo legal e, caso perca o mandato, irá recorrer na justiça. “O cargo de vice-prefeito não tem atribuições previstas na Lei Orgânica do Município. Ele só deverá substituir o prefeito em caso de vacância ou cumprir algum pedido que seja feito pelo chefe do Executivo, o que, no meu caso, não ocorreu”, disse.
O vice-prefeito afirmou ainda não ter dúvida de que se trata de uma perseguição política. “Não me curvo aos desmandos desse prefeito e cobro dele tudo aquilo que prometeu durante a campanha e não está cumprindo. Além disso, também não posso compactuar com o saque que está sendo feito na prefeitura em contratos irregulares como os da merenda e do lixo, fora o processo de enriquecimento ilícito que corre contra ele”, comentou.
Caprino argumentou ainda que mesmo rompendo com o prefeito Dixon Carvalho (PP), em março do ano passado, nunca deixou de atender a população e de buscar melhorias para a cidade. “Abri mão de tudo para ficar ao lado do povo, por isso minha maior luta é para que a população não seja enganada. Não tenho medo de perder meu cargo. O que me preocupa de verdade é saber que as promessas de campanha não estão sendo cumpridas e que a cidade está sendo saqueada”, lamentou.
Em relação aos vereadores que votaram a favor da abertura do CP, Caprino enfatizou que a Câmara sempre foi omissa ao arquivar todos os processos contra o prefeito e que, agora, está armando um complô para derrubá-lo. Confira a entrevista na íntegra:
Tribuna – A Câmara de Paulínia aprovou essa semana a abertura de uma Comissão Processante que irá investigar uma denúncia que o acusa de não cumprir com suas funções de vice-prefeito. Essa acusação procede?
Sandro – Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que existem duas etapas nesse processo todo. Uma é a etapa legal e a outra é a etapa política. Em nenhum momento eu agi fora da lei. O que estão fazendo é pura perseguição política.
Tribuna – E o que diz a lei?
Sandro – O artigo 41 da Lei Orgânica é muito claro e diz que a função do vice-prefeito é substituir o prefeito em caso de vacância e auxilia-lo sempre que for convocado para missões especiais. Essas duas situações nunca aconteceram, muito pelo contrário, ele nunca me procurou.
Tribuna – Como é sua relação com o prefeito?
Sandro – Desde que rompi com o prefeito, em março do ano passado, por não concordar com as atitudes que ele vinha tomando, nunca mais nos falamos. Ele nunca me pediu nenhuma ajuda e, inclusive, mandou trocar as fechaduras do meu gabinete. Além disso, tirou o carro que eu utilizava e ainda nomeou pessoas no meu gabinete.
Tribuna – E de lá para cá, o que o senhor tem feito?
Sandro – Eu nunca parei de trabalhar pela população, que é o meu único foco. Não preciso de gabinete para estar perto do povo. Não preciso bater cartão, e isso está na lei, para cumprir com minhas obrigações. Faço muitas visitas em bairros e comunidades, ouvindo os problemas das pessoas e tento resolvê-los. Converso frequentemente com secretários. Na semana passada mesmo estive com os secretários de Transportes, Obras e Educação, buscando soluções para a cidade.
Tribuna – O senhor já teve algum problema com o autor da denúncia, Márcio Rosa Santos?
Sandro – O prefeito nomeou esse cidadão para o cargo comissionado de Assessor Especial de Políticas Públicos, no meu gabinete. Em um determinado dia ele me agrediu física e verbalmente na prefeitura. Existe um inquérito correndo na delegacia e já está provado que ele me agrediu.
Tribuna – Ele está sendo acusado pelo crime de uso de documentos falsos. Sabe algo sobre isso?
Sandro – Sim. Existe um inquérito e já está constatado que ele apresentou histórico escolar falso para concorrer ao cargo de vereador nas eleições de 2016. Agora me fala, como os vereadores podem dar credibilidade a uma pessoa que apresenta diploma falso?
Tribuna – Por falar em vereadores, o que o senhor tem a dizer sobre a postura dos 11 edis que votaram a favor da abertura da Comissão Processante
Sandro – Eu gostaria de entender porque a Câmara arquivou todos os processos que foram apresentados contra o prefeito e só aceitou a abertura do meu? Não tem outra explicação a não ser pura perseguição política
Tribuna – E por que o senhor acha que existe um complô?
Sandro – Porque eu não me curvo aos desmandos desse prefeito que mentiu para população e cobro dele tudo aquilo que prometeu durante a campanha e não está cumprindo. Além disso, também não posso compactuar com o saque que está sendo feito na prefeitura em contratos irregulares como os da Merenda (RC Nutry) e do Lixo (Filadélfia), fora o processo de enriquecimento ilícito que corre contra ele
Tribuna – Caso seja cassado pela Câmara, o que pretende fazer?
Sandro – A Câmara tem seu poder, desde que aja dentro da lei. Caso a decisão seja pela minha cassação, irei recorrer na justiça. Estou muito tranquilo quanto a isso.
Tribuna – O que o senhor espera para o futuro
Sandro – Sou uma pessoa muito temente a Deus e tenho certeza que tudo vai acontecer conforme à vontade Dele. Não tenho medo de perder o cargo. Já abri mão de muitas coisas, como uma possível reeleição a vereador, por acreditar em um novo projeto para a cidade. É covardia o que estão fazendo comigo, mas a situação vai mudar. Hoje, só peço a Deus que olhe pelo povo de Paulínia e que mude, de alguma maneira, essa situação catastrófica em que a cidade se encontra.