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O tal do voto útil por Sami Goldstein

Diz o artigo 14 da Constituição Federal de 1988: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei.”. Passados quase 34 anos desde que essas palavras viraram nossa lei maior, muitos parecem ainda não tê-las compreendido. E chegamos às portas de mais uma eleição como zumbis ouvindo o mantra do voto útil. Afinal o que é este tal do voto útil?

A teoria dos jogos é o estudo das tomadas de decisões que um indivíduo realiza quando o resultado desta escolha depende do que outros indivíduos decidem, como em um jogo de estratégias. Ela se desenvolveu a partir de estudos sobre economia e matemática, através de situações estratégicas em que um jogador precisa fazer as melhores escolhas, porém, existe uma relação de interdependência com outros jogadores. A análise do voto tático é um tópico estudado pela teoria dos jogos. Esse tipo de voto, também conhecido por voto estratégico ou voto útil, ocorre quando o eleitor acredita que seu candidato preferido não tem chances de ganhar. Neste caso, ele pode optar por votar num candidato que não gosta com o objetivo de impedir a vitória daquele que detesta. É o famoso “menos pior”. Essa crença na falta de potencial é frequentemente alimentada por algum adversário visando seu próprio benefício. Normalmente, esse fenômeno causa a concentração dos apoios em poucos candidatos, polarizando o pleito. Afinal isso lhe parece útil?

O tal do voto útil inutiliza a mais potente utilidade da democracia que é a possibilidade da opção. Quem clama pelo voto útil não defende a democracia e sim uma inútil polarização travestida de luta do bem contra o mal. Neste sentido,  basta lembrar que todo começo de jornada política se dá com votos assim chamados inúteis. Vote conforme sua consciência. O voto é seu e de mais ninguém. Não permita que lhe digam se é útil ou inútil. 

Boa votação. E que, acima de tudo, esteja o melhor para nosso amado Brasil!