Os diagnósticos dos pacientes da rede pública de saúde de Paulínia (SP) estão sendo prejudicados pela falta de aparelhos do exame de ressonância magnética, essencial para identificar diversas doenças. De acordo com a Prefeitura, os exames deixaram de ser feitos há seis meses e 330 pessoas estão na fila de espera.
A dona de casa Josefa Francisca da Silva descobriu uma hérnia de disco há anos atrás, mas dessa vez, um novo incômodo na cervical que surgiu em setembro de 2018 fez com que ela ficasse novamente dependente de remédios para dor.
Desde o início dos sintomas ela tenta agendar o exame para descobrir as causas, mas a falta de equipamentos tem atrasado o diagnóstico.
“Em janeiro agora eu de novo levei outro pedido e eu tô aguardando pra ver quando vai resolver essa situação. Só disseram pra aguardar, não tem previsão”, relata.
Christofer da Silva está na mesma situação: com uma dor forte no joelho, precisa fazer a ressonância. O pedido do médico foi feito em 17 de janeiro, mas no mesmo dia foi informado de que não conseguiria uma data tão cedo.
“O enfermeiro de plantão me orientou que era melhor fazer particular porque pela prefeitura estava levando de sete a oito meses. Pesquisei em duas clínicas e o mais barato foi R$680 e com a guia de encaminhamento do SUS ela disse que poderia fazer no mínimo R$590 à vista”, explica.
Como a dor só aumentava, ele resolveu pedir ajuda para a esposa para tentar agilizar o processo na Secretaria da Saúde.
“Informaram que não tem mais contrato com a empresa desde dezembro e não tem nem previsão de quando vai fazer outro contrato então pode demorar mais que oito meses”, explica a esposa Danielle da Rosa.
Reflexos no trabalho
A falta de um diagnóstico, porém, tem inclusive afetado a vida profissional do técnico em telecomunicações que trabalha diariamente subindo e descendo escadas para realizar a manutenção de redes telefônicas e de internet.
“Eu me prejudico cada vez um pouco mais, vai machucando porque eu não tô tratando corretamente a lesão porque eu não sei qual é a lesão que eu tenho. Os remédios que eu tava tomando por recomendação do médico já não fazem mais efeito”, desabafa.
Problemas com contrato
A produção da EPTV, afiliada da TV Globo, entrou em contato com a prefeitura de Paulínia e a atendente confirmou o problema no contrato com a empresa que faz os exames. “Não temos ainda contrato para fazer esse tipo de exame. Os gestores ainda estão verificando, né, as possibilidades pra conseguir contratos”, informou.
Ponto final do diagnóstico
Porém, ficar sem a ressonância magnética é a mesma coisa que ficar sem um diagnóstico. Em alguns casos, ele é o único exame capaz de identificar qual o problema de fato. O equipamento cria um campo magnético para geração de imagens em 3D, assim é possível ver detalhes dos ossos, órgãos e até tecidos.
“A ressonância magnética geralmente é tida como o ponto final do diagnóstico, porque ela abrange todas áreas do corpo. O paciente ficar muito tempo aguardando esse diagnóstico final que só sai com a ressonância, sem dúvidas pode trazer impacto pro resto da vida”, explica o médico radiologista Tiago Ferreira.
Só depois do carnaval
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Paulínia informou que nesta segunda (25) uma empresa particular que já presta serviços para a prefeitura vai começar a agendar os exames, mas a previsão é de que as pessoas só realizem a ressonância após o carnaval. Fonte: G1