
Você sabe diferenciar as gerações? A geração X compreende os nascidos entre 1965 e 1980, como eu. A geração Y – também conhecida como Millennials – são os nascidos entre 1981 e 1996. Já a geração Z engloba os nascidos entre 1997 e 2010. Agora temos uma nova geração reinante: a Alfa. São aqueles que nasceram a partir de 2010. De acordo com pesquisa da agência australiana McCrindle há 4 anos, a geração Alfa é composta principalmente por filhos da geração Y. Segundo o estudo, essa geração está se posicionando como o próximo grupo a moldar nosso futuro. Para onde caminham? A McCrindle dá algumas pistas. Em termos de tecnologia, eles já nasceram conectados. Ashley Fell, da McCrindle, afirma que essa geração faz parte de um “experimento global não intencional” no qual as telas são colocadas na frente das crianças ao mesmo tempo que as chupetas. Eles estão acostumados e dependem de informações e comunicações instantâneas. Quem é pai sabe o desafio de tirá-los das telas. A diversidade é um padrão para os Alfas, com as mulheres no local de trabalho, o valor da inclusão e o foco na igualdade como normas preponderantes. Casamento, filhos e aposentadoria provavelmente serão adiados, assim como as gerações anteriores. A educação é um ponto forte do grupo. Espera-se que os Alfas ultrapassem seus predecessores como a geração mais formalmente educada da história. Mas fica o alerta do estudo: a geração Alfa ainda é jovem e muito do que virá para defini-la ainda não está claro. O texto completo está em https://www.axios.com/2019/08/08/generation-alpha-millennial-children.
Um texto fora de contexto vira pretexto. E essa pesquisa certamente dá margem a vários pretextos e interpretações, por vezes bem contrárias. Um bom exemplo é o livro A Fábrica de Cretinos Digitais do neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França. Na obra, aborda como os dispositivos digitais estão afetando seriamente o desenvolvimento neural de crianças e jovens. Para o autor, há um tempo que testes de QI (Quociente de Inteligência) têm apontado que as novas gerações são menos inteligentes que as anteriores. Segundo ele, o uso de dispositivos digitais tem alguns efeitos: diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzido e qualitativamente degradado; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral.
Voltemos à questão original: para onde caminha a geração Alfa? Difícil ainda responder, o que traz para nós adultos ainda mais responsabilidade. É a geração que tem literalmente o mundo em suas mãos, mas ainda não sabe para que suas mãos servem, muito menos a força que têm. É a geração que nasceu com um GPS, mas que ainda precisa de uma velha bússola para não se perder. Precisamos de políticas públicas contundentes e assertivas para garantir que o futuro não termine quando uma bateria descarregar.
Sami Goldstein – Empregado público federal e secretário de desenvolvimento econômico de Paulínia