Local abriga animais vítimas de atropelamento, oferece cuidados médicos e devolve para a natureza
Parceiro do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), do Ministério do Meio Ambiente, o Parque Ecológico “Armando Muller”, de Paulínia, recebeu na noite de sexta-feira (12), um lobo-guará que havia sido atropelado em Jacutinga (MG).
Com uma fratura na pata direita traseira, o animal foi trazido para o parque de Paulínia, uma das referências do instituto na região, onde ele passará por tratamento especializado até ficar pronto para ser reinserido no habitat natural pelos técnicos do instituto.
Não foi a primeira vez que o Parque Ecológico de Paulínia recebeu animais feridos, capturados ou vítimas de maus-tratos. Por meio do trabalho com o ICMBio, o zoológico mantido pela prefeitura acolhe animais sob risco há anos.
Há cerca de dois meses, por exemplo, um filhote de suçuarana chegou no local após ser capturado. A mãe tinha sido morta a tiros próximo do rio Atibaia, na região de Campinas. A ocorrência foi atendida pela Polícia Militar Ambiental.
Agora, os especialistas do parque de Paulínia –um veterinário e uma bióloga– trabalham para que a suçuarana possa aprender a caçar e ser devolvida à natureza. São adotadas diversas técnicas para que o animal esteja apto à reinserção ao habitat.
“Nós servimos a alimentação em áreas e condições diferentes aos animais já domesticados. No caso da suçuarana, escondemos a carne ou então colocamos dentro de caixas, ou até mesmo em cima de árvores ou galhos, para que ela possa subir e ir buscar o alimento”, afirmou o veterinário Marcelo de Queiroz Telles.
No trabalho com o ICMBio, o Parque Ecológico de Paulínia já conseguiu devolver ao habitat natural três suçuaranas. “A gente sempre teve essa parceria com o zoológico de Paulínia. Eles sempre nos ajudam a receber e a cuidar dos animais”, disse Márcia Rodrigues, analista ambiental do ICMBio.
Outros casos
Quando não é possível devolver o animal à natureza, em razão da gravidade dos ferimentos, eles podem ser abrigados no próprio parque ou então encaminhados para outras unidades parceiras do ICMBio, do governo federal.
Há cerca de três anos, outro lobo-guará deu entrada no parque de Paulínia vítima de um atropelamento no município de Jaguariúna. Ele fraturou os dois membros traseiros, mas não se recuperou totalmente e hoje mora no parque.
“Nós somos parceiros do ICMBio nesse trabalho de ajudar os animais feridos e de devolvê-los ao habitat natural. Sempre que os técnicos do instituto nos procuram, tentamos atendê-los da melhor forma possível”, afirmou Telles.
Mais trabalho
No Parque Ecológico “Armando Muller”, de Paulínia, os especialistas também desenvolveram práticas de enriquecimento ambiental. Com o auxílio de técnicos dos EUA, eles reproduziram ambientes para os animais se locomoverem como se estivessem na natureza.
É o caso de uma jaguatirica em exposição. No recinto, foi montada uma passarela por onde ela pode subir, andar e até mesmo repousar. A leoa do parque também tem um recinto exclusivo, resultado do trabalho de enriquecimento ambiental, para o seu amplo desenvolvimento.
O parque está atualmente fechado para reforma e a prefeitura atua para a sua reabertura o quanto antes. Nesse período, as atividades internas permanecem as mesmas. Prova disso é que nasceram recentemente três filhotes de cisne-negro e dois filhotes de cutia, além de diversas aves.
Neste segundo semestre também, o parque realiza a disciplina de educação ambiental com alunos do 4º ano (anos iniciais) do ensino fundamental. Todo o conhecimento adquirido em sala de aula sobre a fauna brasileira é colocado em prática na visita aos animais do parque, acompanhados de técnicos e professores.
Além disso, dentro do Parque Ecológico de Paulínia é realizado um projeto de preservação de nascentes. Há várias nascentes no local, que formam as lagoas. Toda a água produzida é lançada no rio Atibaia, um dos principais mananciais das bacias dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí).
De acordo com o mais recente censo de animais, finalizado neste mês, o Parque Ecológico “Armando Muller” tem 220 animais divididos em 47 espécies (mamíferos, aves, répteis e peixes), dispostos em 48 recintos –todos de acordo com as atuais regras ambientais pelos órgãos fiscalizadores.