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Pavan se dá aumento abusivo de 53% e servidores públicos amargam só 6%

Aumento salarial do prefeito é 47% maior que de servidores

 “Esse aumento de 53% do prefeito, alegando que vai resolver o problema da saúde é mentira”, enfatiza diretor do sindicato.

Com aumento de 52,8% no próprio salário aprovado em março, o prefeito em exercício José Pavan Junior (PSB), cedeu apenas 6% de reajuste salarial aos servidores públicos municipais de Paulínia no último dia 12. Em valores reais, o prefeito adicionou R$ 3,6 mil por mês ao próprio salário, passando a receber R$ 15,5 mil, enquanto que a correção do salário base da Prefeitura, de auxiliar de creche, foi de apenas R$ 72. O salário de R$ 1,2 mil passou para R$ 1.272, só.

A discrepância de valores e também a pauta que gerou a greve histórica no serviço público de Paulínia em 2011, quando 1,8 mil funcionários ficaram 64 dias parados, geraram uma manifestação pacífica dos trabalhadores do serviço público na terça-feira, dia 16, em frente à Prefeitura.

O estado de greve interrompeu atendimentos em creches, escolas e na saúde. De acordo com o diretor geral do sindicato que representa a categoria, caso a Prefeitura não aceite negociar e dialogar, já está definido a paralisação por dois dias na próxima semana e três na seguinte.

A Prefeitura anunciou uma rodada de negociações com o sindicato para o dia 25, quinta-feira, às 9 horas, para discutir as reivindicações dos trabalhadores. A pauta inclui a implantação de uma data-base para correção salarial anual, implantação de planos de cargo e carreira e reajustes dos auxílios alimentação, saúde e transporte.

Atualmente, os servidores públicos de Paulínia recebem R$ 28 de auxílio transporte, R$ 100 de alimentação e R$ 35 de saúde. Os valores de alimentação e saúde não são reajustados desde 2001 e o de transporte desde 1992, há mais de 20 anos.

“A data-base é um mecanismo para corrigir o salário dos trabalhadores todo ano, não só dos servidores públicos, mas de todo o trabalhador brasileiro. E sobre os auxílios, qualquer pessoa sabe que com R$ 35 não se paga nem uma consulta médica, quanto mais um convênio para a família”, diz Reginaldo Lopes, diretor do STSPMP, (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Paulínia).

Aumento do prefeito para resolver a saúde é mentira

De acordo com o diretor do STSPMP, Reginaldo Lopes, o absurdo sobre o reajuste de apenas 6% no salário dos servidores é ainda mais revoltante para a categoria quando se comparado à justificativa que o prefeito Pavan divulgou para aumentar seu salário em quase 53%: resolver o teto dos médicos, que por lei, não pode ser mais alto que o do prefeito.

“Esse aumento de 53% que ele deu pra ele, alegando que vai resolver o problema da saúde é mentira. Hoje, o médico de Paulínia ganha R$ 52 a hora enquanto que na região o mínimo pago por hora é R$ 86. Só passa de R$ 10 mil o salário do médico que dobra o plantão para 40 horas e faz hora extra”, explica Lopes.

Segundo diretor do Sindicato, Paulínia não oferece condições atrativas para os novos médicos convocados por concurso e só beneficia os antigos, que dobram a carga horária para receber mais, o que mantém o caos da Saúde na cidade na mesma situação. “Vinhedo e Campinas oferecem cerca de R$ 10 mil de salário. Não tem porque um médico escolher o salário de R$ 5,9 mil em Paulínia”, disse.

Pacientes não são ‘coisas’

Outra questionamento que o diretor do Sindicato faz com relação ao aumento do salário do prefeito como argumento para reajustar o salário dos médicos é a comparação dos pacientes do Hospital Municipal e das Unidades Básicas de Saúde a produtos.

“Quando o Sindicato protestou contra esse aumento, ele [o prefeito Pavan], inventou a tal da produtividade. Mas, hospital e UBS não são linhas de produção. Produtividade é coisa de metalúrgica, fábrica, para produto e não para ser humano. Paciente não é coisa. Quando se lida com coisas, quanto mais faz, mais recebe. E ele está comparando o paciente do hospital, da UBS com coisas”, reforça.

Segundo Lopes, o Sindicato alertou vereadores e também o executivo de que para beneficiar os médicos, ao invés de aumentar o salário do prefeito, o correto seria mudar o valor por hora pago aos médicos. “E mesmo com R$ 86 a hora, Paulínia não seria mais atraente que as outras cidades. Volto a dizer. Esse aumento que ele deu para dizer que era pra resolver o problema da saúde é mentira. O atendimento não vai mudar em absolutamente nada. Tem que mudar o valor hora. Ficar fazendo gambiarra não adianta. Remendar as coisas não funciona”, diz.

Desconto de salários

A Prefeitura anunciou que não fará como em 2011, quando descontou mais de dois meses de salários dos servidores públicos municipais de Paulínia. Na época, milhares de famílias ficaram sem condições de honrar suas contas básicas e até o comércio de Paulínia sentiu reflexos negativos nas vendas.

No entanto, a população, que teve a maior parte dos servidos públicos interrompidos por 64 dias, ainda deve sentir o reflexo negativo do desconto de 2011. “Não existe ordem judicial mandando o prefeito descontar os salários. Ele fez porque quis e quando a greve for julgada e os desembargadores mandarem devolver os valores, será com juros, multas e correções e quem paga é o povo. São aproximadamente R$ 9 milhões. Infelizmente nós temos um prefeito arbitrário, omisso e irresponsável e ele vai fazer a cidade pagar um preço muito alto” arrematou Lopes.

Estado de greve

O Sindicato dos servidores faz uma nova reunião com a Prefeitura no dia 25, às 9 horas, para definir o mês da data-base da categoria e discutir os demais itens da Pauta de Reivindicações. No mesmo dia, às 18 horas, a categoria se reúne no clube do sindicato para avaliar as negociações ocorridas durante o dia. Paulínia tem 5,1 mil servidores municipais.