Através do Projeto de Lei 30/2017 encaminhado à Câmara de vereadores, o prefeito propõe a extinção da gratuidade dos coletivos aos domingos e feriados e ainda estabelece o corte do subsídio: usuários voltarão a pagar o valor total da passagem
Mais uma ação polêmica da administração do prefeito de Paulínia, Dixon Carvalho (PP). Na semana passada, dia 29 de junho, o chefe do Executivo protocolou na Câmara de Vereadores o Projeto de Lei nº 30/2017 que “Dispõe sobre a extinção do passe da família e da criação do programa passe solidário no programa prioridade social”.
Na prática, a intenção é extinguir o Passe da Família, programa que beneficia todos os usuários do coletivo municipal com tarifa a R$ 1,00, de segunda a sábado, e com a gratuidade aos domingos e feriados.
No texto, o prefeito substitui o atual benefício pelo “Passe Solidário” – destinado somente aos “trabalhadores desempregados, empregados domésticos e trabalhadores autônomos”, que recebem até R$ 1.405,50 (um salário mínimo e meio) por mês – no transporte urbano de Paulínia.
De acordo com o projeto, apenas seis mil passes diários seriam distribuídos com o novo programa, sendo 2 mil para cada categoria (trabalhadores desempregados, empregados domésticos e trabalhadores autônomos) e “as regras para a concessão do passe solidário serão estabelecidas através de Decreto expedido pelo Poder Executivo”.
Atualmente, o valor da passagem é de R$ 2,85, sendo R$ 1,85 subsidiados pela municipalidade e R$ 1,00 pagos pelo usuário. Porém, a Viação Passaredo já protocolou na Prefeitura o pedido de reajuste da tarifa com o valor máximo possível, de acordo com a média das tarifas da região: R$ 3,90.
O Projeto chegou a Câmara com pedido de tramitação em Regime de Urgência. Se aprovado pelos vereadores, o valor da passagem cobrado pela Passaredo poderá chegar à R$ 3,90, de domingo a domingo, exceto dos futuros beneficiários do Passe Solidário, que não poderão usar o benefício aos finais de semana.
Gerou polêmica
O assunto foi bastante discutido nas redes sociais. Muitos internautas interpretam que a medida será benéfica para quem realmente se utiliza do transporte público.
“Só quem pega a linha do Cooperlotes sabe o inferno que é andar de ônibus qualquer dia e horário. Tem que aumentar o valor sim, quero ver se vai continuar lotado como é”, ressalta Andreia Santos. “Tem que cortar mesmo, isso e uma máfia”, diz Rodinei Cristiano Moreno.
Outros, disseram se tratar de uma grande perda para a cidade. “Tirar benefício num momento deste de desemprego total em todo país e aqui na nossa cidade não está diferente… é só fazer uma pesquisa online para ver quem tem desempregado na família paulinense”, opina Girlene Rospendowski. “Vai acontecer igual a Guardinha, benefícios perdidos jamais voltam”, lembrou Eliana Prado.
Na opinião de Joyce Fonseca, o novo projeto do prefeito não está bem explicado. “Ele disse que seriam 6 mil passagens diárias para esse grupo prioritário, mas sendo a passagem de ida e volta, seriam só 3 mil pessoas beneficiadas diariamente. É isso, produção?”, questiona.
Outra situação levantada por Kassia Delmonde Reis é a situação do trânsito na Avenida José Paulino. “Acredito que quando o subsídio do ônibus foi lançado, foi também para desafogar o transito da cidade, porque não compensaria ir trabalhar de carro. Agora, o trânsito que já é difícil no centro, vai piorar. Alguém mais está olhando por esse lado?”.
Kiko quer opinião da população
Diante da polêmica, o vereador Kiko Meschiati (PRB) postou em sua página oficial no Facebook um vídeo onde relata seu ponto de vista e pede que a população se manifeste para que ele possa formalizar sua opinião sobre o assunto. O vereador deixa claro que já foi dependente do transporte público, conhece os problemas e benefícios do atual projeto e por isso, ficará ao lado da população.
“O projeto em sim não é o problema. O problema é a falta de gestão, de planejamento e na fiscalização desse projeto… A preocupação é que se uma vez perdemos esse benefício não o conseguiremos mais”, diz.
Kiko reconhece os problemas das passagens gratuitas aos domingos. “Além da superlotação, sabemos que muitas pessoas se utilizam desse benefício para fazer vandalismo, para faltar com respeito com os profissionais da linha, com os motoristas e cobradores. Isso acabou levando a essa discussão entre os moradores que são favoráveis e os que são contrários a extinção desse projeto”.
O vereador disse ainda que em sua visão, falta coerência na contra proposta apresentada por Dixon. “Hoje temos um projeto que atende 106 mil pessoas, que é o número aproximado da nossa população, mas sabemos que grande parte não utiliza o transporte público, porém 60% utiliza. Então, queria entender melhor a contra proposta que ele colocou aqui de 6 mil pessoas atendidas, sendo 2 mil donas de casas, 2 mil autônomos e 2 mil desempregados. Temos um benefício que atende 106 mil pessoas e passar pra um que atende 6 mil. Isso é coerente?”, questiona e finaliza “por isso eu quero a opinião de vocês”.
Mentira
Um membro do grupo Muda Paulínia do Facebook disse que Dixon Carvalho mentiu durante a campanha eleitoral que o elegeu prefeito de Paulínia. De acordo com a publicação de Tulio Silva, uma das promessas seria manter a passagem a R$ 1,00.
“O problema não é tirar. O problema foi mentir para a população dizendo que iria manter, só pra ganhar votos na eleição…”, disse.
Na postagem, o internauta ainda divulgou uma imagem que teria sido usada durante o período eleitoral de 2016, onde Dixon afirma que manteria a passagem com o valor atual.
O Proejto de Lei 30/2017 foi protocolado na Câmara de Vereadores de Paulínia no dia 29 de junho.