Prestes a fechar o ano com R$ 900 milhões, Paulínia não paga suas contas há dois meses

A Prefeitura de Paulínia não paga seus fornecedores desde outubro. É o que confessou o diretor municipal de Finanças, Luciano de Lima, a um jornal da região no domingo, dia 4. Após patrocinar, só neste último semestre, eventos como o rodeio Paulínia Arena Music e o festival de música SWU, a Administração Pública sob o comando de José Pavan Junior (PSD), está na contramão da realidade quase bilionária da cidade e trabalha com as contas no vermelho.
Prestes a encerrar o ano com arrecadação de R$ 900 milhões em impostos, esta é a primeira vez que Paulínia é obrigada a se apertar financeiramente para manter os serviços básicos e, mesmo assim, recentemente publicou no Semanário Oficial do Município, a contratação de uma agência de comunicação pelo valor de R$ 4 milhões para fazer publicidade dos atos oficiais da Administração durante um ano.
Sob a alegação de que a arrecadação do mês caiu 7% e o pagamento do 13º salário dos funcionários públicos pesou no fechamento do orçamento, a Prefeitura, que deveria ter em suas previsões os gastos fixos anuais, mantém até pacientes de quimioterapia sem tratamento por falta de pagamento ao fornecedor e o Hospital Municipal padece inclusive de talas e ataduras para procedimentos dos mais simples, como vem registrando as reportagens do Jornal Tribuna nas últimas semanas.

De acordo com o diretor, as contas atrasadas devem ser sanadas até o final de dezembro, perseguindo as diretrizes da Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe o repasse de dívidas para o próximo governo e desbanca a alegação da Administração de que o caixa da Prefeitura está no vermelho por conta de dívidas herdadas de governos anteriores.
“Vale lembrar que só em gradil, banheiros químicos, tendas, ou seja, estrutura que a gente viu sendo usada no rodeio e no SWU, foram gastos mais de R$ 10 milhões do dinheiro público de Paulínia. Isso porque até hoje, a Prefeitura não divulgou o quanto gastou como patrocinadora máster do SWU. Itu, no ano passado, desbancou R$ 40 milhões, o que nos faz pensar que a contraproposta de Paulínia certamente foi maior. E, agora, três anos depois de assumir o governo, a Administração vem dizer que é dívida do passado? Algo está errado e não é no passado”, avalia o empresário Wilson Machado.
Segundo Luciano de Lima, o governo de Pavan Junior paga cerca de R$ 1 milhão ao mês em parcelamento de dívidas. Na Região Metropolitana de Campinas, além de Paulínia, só Campinas, vítima de escândalos com desvios de verbas públicos que resultaram na cassação do prefeito Hélio de Oliveira Santos, sofre do mesmo problema.