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Presente de Natal: Sem justa causa, CACO demite 17 funcionários

Eles disseram que no ato da demissão, tiveram que assinar um termo de confidencialidade

Não houve aviso prévio

Trabalhadores que atuavam no Caco (Centro de Ação Comunitária) de Paulínia há anos estão sendo demitidos, um a um, sem justa causa. Ao todo, 17 pessoas foram desligadas da instituição sem motivos aparentes. Eles levantam a possibilidade de sofrerem perseguição política, já que trabalhavam no local desde administrações passadas.

Alguns deles tiveram também que assinar um termo de confidencialidade, se comprometendo a não divulgar informações sobre o funcionamento da entidade. “Não entendi o motivo da minha demissão, tão pouco a necessidade desse termo. A área que eu trabalhava não tinha acesso nenhum aos prontuários, o que até justificaria esse documento”, disse o ex-funcionário F.C.

De acordo com C., não foram todas as pessoas que assinaram o termo, mas a atitude tomada pela direção do Caco entra em desacordo com o que diz o Manual Básico de Repasses Públicos para o Terceiro Setor do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, já que trata-se de uma entidade sem fins lucrativos e que sobrevive, em termos gerais, de subvenção municipal. “É um princípio constitucional a transparência, tanto para a administração pública como para as organizações do terceiro setor. Portanto, se a transparência deve ser um princípio, fica meio paradoxal uma organização do terceiro setor fazer com que seus funcionários assinem um Termo de Confidencialidade, sendo que a organização não trata de assuntos de informações públicas (que envolva a segurança nacional). Como ser transparente sendo confidencial?”, questiona C.

Outra questão levantada pelos ex-funcionários foi a falta de um aviso prévio da demissão. “A maioria foi pega de surpresa. Não existiu uma comunicação entre a direção e os funcionários. Tem gente desesperada, sem saber o que fazer. E agora? Imagine como será o Natal dessas pessoas. Eles não se preocuparam com isso”, disse.

Sobre a questão da possível perseguição política, C. foi enfático em dizer que a ética é incompatível com esse tipo de atitude. “Independente de meus laços de amizades com pessoas de outras administrações, sempre respeitei onde estive. A ética, que é algo inerente à minha personalidade, nunca me permitiu não honrar até mesmo aqueles (ou aquela) que nunca me respeitou. Mesmo sendo continuamente aviltado profissionalmente, sempre os respeitei”.

Regina de Mattos Moura, que foi presidente do Caco em administrações passadas e conviveu diariamente com os funcionários demitidos, lamentou a notícia em sua página de relacionamentos na internet. “Estou muito triste. Mandaram embora mais 10 trabalhadores do Caco, 10 famílias desempregadas em véspera de Natal. Não há desculpas cabíveis, afinal contrataram muitas pessoas nestes últimos anos. Minha solidariedade a todos os 10 amigos. Agora, já somam 17, infelizmente”.

O Jornal Tribuna entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do Caco para saber o motivo das demissões, mas ninguém retornou o nosso contato.