
E chegou mais um feriadão. Mas não é apenas no Brasil que o dia 1º de maio é feriado. Em muitos países como México, Rússia, Índia, China, na América do Sul, em quase toda a Europa Ocidental e na maior parte dos países da África, o dia é de descanso por parte dos trabalhadores e também de muitas manifestações. A data é historicamente uma homenagem ao esforço dos trabalhadores dos Estados Unidos, que, em um sábado, 1º de maio de 1886, foram às ruas das maiores das maiores cidades do país para pedir a redução da carga horária máxima de trabalho por dia. Já por aqui, os eventos que marcaram a Greve Geral de 1917 ajudaram a pressionar o governo pela mudança no cenário operário. Em 1925, o presidente Artur Bernardes decretou o Dia do Trabalhador. Propositadamente, em 1º de maio de 1943, Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei nº 5.452, garantindo direitos básicos, como salário mínimo e duração da jornada de trabalho. É o que conhecemos até hoje como Consolidação das Leis do Trabalho, a famosa CLT.
Histórias à parte, temos tanto a comemorar como refletir. O Valor Econômico, citando a Organização Internacional do Trabalho (OIT), trouxe uma dura realidade. Segundo o veículo, a crise econômica provocada pela pandemia acelerou a saída das pessoas com 60 anos ou mais do mercado de trabalho. O movimento, no entanto, não foi uniforme e atingiu com mais força os empregados com carteira assinada – principalmente pela concessão de aposentadorias – do que os informais. O recuo dos idosos na força de trabalho também foi influenciado pelo próprio envelhecimento da população – o crescimento no número de sexagenários (cerca de 4% ao ano) supera o da população total (0,7%) – e pelo aumento das transferências de renda, tanto em valores como no tamanho do contingente beneficiado. Segundo o diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no país, Vinicius Pinheiro, a pandemia afetou tanto as pessoas de mais idade que ainda estavam dispostas a trabalhar quanto as que aceleraram a aposentadoria para evitar riscos de contágio. Outro fator apontado por ele é que, quando o vínculo de emprego é rompido, a reinserção no mercado é mais difícil para o idoso.
Nos anos 1940, a expectativa de vida no Brasil era de aproximadamente 45 anos. Hoje, superamos a marca dos 70. De lá para cá vimos celebrando a data que comemora o trabalho literalmente empurrando para fora do mercado os mais experientes. Um cruel paradoxo em que se exige a experiência do candidato à vaga, mas que experiência acumulada vira um fardo a ser desprezado. O primeiro de maio virou o último para muitos. Precisamos de políticas públicas cada vez mais inclusivas em meio à exclusão; cada vez mais igualitárias em meio à diversidade; cada vez mais qualificadoras no aproveitamento das competências em meio ao fator idade. Que o Dia do Trabalhador realmente seja uma data em que todos possam comemorar. Inovação, qualificação e inclusão: a chave de um futuro de sucesso!