
Na luta pelos direitos das crianças e adolescentes, é fácil focar nossa atenção naqueles que estão sob nossos olhos, em nossos lares, ou em comunidades próximas. No entanto, devemos nos questionar: Quais crianças e adolescentes merecem direitos? A resposta não pode ser restrita às que estão visíveis, mas deve abranger todas as vidas jovens, mesmo aquelas que permanecem nas sombras da sociedade. Esta reflexão nos desafia a repensar nossos esforços em prol dos direitos infantojuvenis.
A luta na promoção dos direitos das crianças e adolescentes que estão sob nossa custódia, seja no âmbito familiar, escolar, ou comunitário é contínua e com braços fortes. Leis de proteção à infância e à juventude, programas sociais e conscientização são recursos vitais para garantir um ambiente saudável e seguro para essas crianças. No entanto, o verdadeiro teste da nossa humanidade está em como tratamos aqueles que não fazem parte do nosso círculo imediato.
Muitas vezes, a luta pelos direitos das crianças e adolescentes pode ser influenciada pelo que é visível e conhecido. É mais fácil mobilizar recursos e esforços quando a situação está diante dos nossos olhos. No entanto, essa abordagem limitada deixa de lado inúmeras crianças e adolescentes que vivem em condições adversas, distantes de nossos olhares, e cujas realidades são desconhecidas para a maioria.
Posso citar aqui exemplos de crianças e adolescentes que podem não fazer parte do seu dia a dia como aquelas que são vítimas de abuso em suas próprias casas, aquelas dentro do espectro autista, as com deficiência, aquelas impossibilitadas de praticar sua religião, as trans, as crianças e adolescentes acolhidas, aquelas que moram em lugares em situação de ocupação e tantas outras… Todas elas muitas vezes enfrentam desafios monumentais em sua busca por direitos básicos, como educação de qualidade, saúde adequada e um ambiente seguro. Estas são as crianças invisíveis, cujas vozes raramente são ouvidas e cujas vidas frequentemente são negligenciadas.
A falta de acesso à educação, à saúde e à proteção torna essas crianças e adolescentes vulneráveis a diversas formas de exploração e violência. E, mais uma vez, suas histórias raramente alcançam os holofotes da sociedade.
Então, o que podemos fazer para garantir que todas as crianças e adolescentes, independentemente de sua visibilidade ou proximidade, recebam os direitos que merecem? Em primeiro lugar, precisamos ampliar nossa compreensão e empatia em relação às realidades que muitas enfrentam, mesmo que estejam longe de nossos olhos. Isso exige uma maior conscientização e educação sobre as questões que afetam crianças e adolescentes em todas as esferas da sociedade.
Em segundo lugar, devemos apoiar organizações e programas que trabalham incansavelmente para atender às necessidades das crianças invisíveis. Isso inclui instituições de caridade, OSCs e agências governamentais que se dedicam a proteger os direitos infantojuvenis em todas as circunstâncias.
Em terceiro mas não menos importante, cobrar nossos poderes e mostrar que a luta pelos direitos das crianças e adolescentes deve ter absoluta prioridade.
Quando nos perguntamos “Quais crianças e adolescentes merecem direitos?”, a resposta deve ser clara: todas elas. Devemos lembrar que a verdadeira medida de nossa sociedade é como cuidamos dos mais vulneráveis entre nós, mesmo quando eles estão fora de nossa vista. Só quando abraçarmos essa visão inclusiva poderemos afirmar verdadeiramente que estamos cumprindo nosso dever para com as gerações futuras.
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André Luís de Oliveira
Pai da Giulia, Coordenador do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no Paulínia Racing e conselheiro afastado do CMDCA