
Quem casa quer casa. Quem nunca ouviu esse jargão tão comum em nosso país? Pesquisa feita pela startup Quinto Andar em parceria com o Instituto Datafolha, divulgada nesta terça-feira (15/2), revelou que o brasileiro valoriza mais ter uma casa própria do que filhos, religião e estabilidade. De acordo com o jornal Correio Braziliense, os entrevistados tiveram que agregar notas de 0 a 10 nos itens que mais valorizavam. A moradia própria recebeu uma nota média de 9,7, a mesma que recebeu ter uma profissão. A estabilidade financeira apareceu na sequência com 9,6. Em seguida, plano de saúde (9,2), religião (9), filhos (7,9) e se casar (6,9). Para o levantamento, foram consultadas 3.186 pessoas com mais de 21 anos em todas as regiões do país. O estudo foi realizado entre 11 e 21 de outubro. A pesquisa também mostrou que 91% dos jovens entre 21 e 24 anos sonham em ter uma casa própria. Esse percentual diminui à medida que a idade avança. Entre os entrevistados com mais de 60 anos, 81% manifestaram o desejo de ter uma moradia própria.
O art. XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 afirma que todos têm direito a um padrão de vida que seja capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, incluindo a alimentação, o vestuário e a moradia. Em virtude das obrigações assumidas perante a comunidade internacional, o Brasil incluiu, no texto do art. 6º da Carta Magna de 1988, mediante a Emenda Constitucional nº 26/2000, o direito à moradia como um direito fundamental, além dos direitos sociais a educação, saúde, alimentação, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, e assistência aos desamparados. Nas palavras de Hugo Garcez Duarte em seu artigo no site jurídico Jus, “o direito à moradia é parte do exemplo de vida adequado. Ou seja, não se resume a apenas a ‘um teto e quatro paredes’, mas ao direito de toda criança, todo jovem, toda mulher e todo homem de ter acesso a um lar e a uma comunidade seguros para viver em paz, com dignidade e saúde.”.
Quem casa quer casa. O sonho fica cada vez mais distante com uma inflação galopante e juros estratosféricos. Mas não se trata apenas de um direito a ser pleiteado. Deve, acima de tudo, ser uma aspiração a ser conquistada. Para isso, políticas públicas de educação financeira e constante capacitação profissional devem fazer parte do leque de serviços oferecidos à população. É difícil conquistar a casa própria? Ninguém disse que é fácil. Mas também não é impossível. Sonhos existem para serem materializados com nossas próprias mãos. O Brasil dos conhecedores de direitos precisa virar a nação dos realizadores por conta própria. Temos condições de dar as ferramentas necessárias para que cada um persiga seu sonho. Basta ter vontade!